quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Komya-san ou, das partidas de 2014

definitivamente, o ano de 2014 pode ser lembrado como trágico. acidentes aéreos inexplicáveis, renascimento da violência extrema no Iraque, massacre vexatório na copa do mundo e diversas e repentinas mortes de famosos parecem confirmar a premissa. As perdas foram significativas. foi-se joão ubaldo ribeiro, notável gente boa, que dedicava boa parte de seu tempo a encher a lata d’água-que-passarinho-não-bebe nas praias do sul da bahia, enquanto destilava [desculpem o trocadilho] refino nos textos. da mesma seara, morre o gênio Ariano Suassuna. a cara da simplicidade, e baluarte do Brasil regional, ele sempre escreveu o que o povo sentia, do jeito que o povo queria. por isso, nos representava tão bem. é dele a ótima peça “A farsa da boa preguiça”, primeira visita que fiz ao teatro depois de me mudar para o Rio de Janeiro em 2008 – e começo do encantamento, à primeira vista (no teatro), por Bianca Byington. foi-se a bela e icônica atriz Lauren Bacall, símbolo sexual dos anos 40 e 50, ex-mulher de Humphrey Bogart e uma de minhas “ídolas”. depois de Katherine Hepburn, Ava Gardner, Greta Garbo, Maureen O’Sullivan, Rita Hayworth, Maureen O’Hara e Ginny Tierney, entre outras, a partida de Bacall encerra uma linhagem seleta de estrelas da era de ouro do cinema americano. foi-se Robin Wiliams. assim como Jim Carrey, Williams sempre foi bem menos engraçado do que acreditava ser e destacou-se mais em papeis dramáticos como o radialista louco e contestador de Good Morning , Vietnam! [1987], o professor carismático de Dead Poet Society [1989], e o mentor que enxergou a genialidade na rebeldia de Matt Damon em Good Will Hunting [1998]. eu demoro um ano para amadurecer a escolha de um candidato à presidência da república [alguém entre os incomentáveis predicados morais petistas (…) e o retorno a um passado totalitário não tão distante, e perigoso, representado pela turma do DEM] e o cara, pow!!! morre de acidente aéreo. além da perda, essa morte trouxe um problema giganteso, que me deu trabalho para ser resolvido até o último dia 03 de outubro. entretanto, vou me reservar o direito de prestar homenagem a um vizinho.. o chef Ryozo Komya, comandante da melhor cozinha japonesa do centro-oeste, quiçá do Brasil, New Koto, morreu há algumas semanas. o restaurante fica a literais 100 metros do meu prédio e em tempos de lei seca constitui refúgio seguro onde é possível relaxar tomando um saquê decente e comer um fantástico tepannyake de anchova negra, saborear um bentô com toque caseiro, ou apenas tomar um missoshiro com saquê, enquanto se discutem coisas do dia dia. tenho certeza de que Komya-san está à esquerda de algum balcão celestial, observando o movimento, organizando o fluxo de pessoas e saboreando seu whiskey. a figura era o corpo e a alma do New Koto e a expressão “comida japonesa de qualidade” perdeu sua melhor ilustração em Brasília. a Komya, brindo com saquê! fico confuso com a injustiça (divina?): afinal, como galvão bueno, ana maria braga, cláudia leite e dilmão ainda estão vivos?! bom, ainda temos mais de um mês até o fim do ano..

2 comentários:

Mosh disse...

no love for Carrie Fisher?
MTFBWY
Mosh!

ag disse...

mark hamill de barba ficou massa!