domingo, 30 de dezembro de 2007

good-bye, yellow brick road

sem meias palavras, o ano que acaba não foi bom. não progredi profissionalmente [estou sendo muito sutil], nada no sentimental, sem planos novos ou velhos, sem realizações, sem grandes metas, sobrou apenas o feijão com arroz: saúde, um teto, um trabalho. feliz é um termo um tanto estranho, mas me forço a estar satisfeito por essas coisas. repito: o ano não foi fácil. e não poderia acabar de outra forma: o filho de uma grande amiga partiu, aos onze anos de idade, após dez de luta contra o câncer. trata-se de uma grande amiga e companheira dos exageros da época de universidade e apesar de certa distância imposta pela rotina atual, compartilhávamos muitas crises e impressões.

há dez anos, a amiga de diana e eu éramos muito próximos. dividíamos festas, experiências, às vezes algumas meninas, e, como não poderia deixar de ser naquela época, boas e eventuais trepadas. tínhamos uma rotina deliciosa de farras e botecos até que de repente ela some do mapa. não parece mais em festinhas, em happy-hours, não atende o telefone. all of a suden! perdemos, repentinamente, o contato. uns dois meses depois, uma ligação e a bomba:
- andré, lembra do último ‘choppe y danza’ [festinha de iniciação dos calouros de rel]? então, fudeu.. fiquei grávida.
- vc quer dizer, você fudeu e ficou grávida [devolvi, certo de se tratar de uma das piadinhas clássicas da época].
- é, mas dessa vez é sério: trepei sem camisinha e aconteceu.
foi isso. encurtando a história, a mudança radical em sua vida foi quebrada por uma festinha inesquecível: o primeiro ano de seu filho, na qual nos divertimos horrores, bebemos, fumamos, curtimos. logo depois, o menino foi diagnosticado com um melanoma nas costas. os dez anos que seguiram permearam uma das lutas mais ingratas de que tive conhecimento e, certamente, a mais injusta que acompanhei. entre quimioterapias em são paulo, a desestruturação completa de uma família, perdi maior contato com a amiga de diana. não havia mais clima para arroubos de putaria, festas malucas ou excessos. para ela, a percepção de que havíamos crescido veio da maneira mais cruel possível: a doença grave de um filho. dez anos depois, recebi a ligação de uma amiga comum.. o menino havia falecido, padecendo nas últimas semanas, na uti no hospital brasília.

perdi meus dois avôs, mas nenhuma dessas perdas me afetou e chocou tanto, como a do filho de minha amiga. não pode, não é justo, não é certo. ele tinha apenas onze anos. tento tirar uma lição dessa perda, mas nesse momento o que fica é a sensação de que esse ano demorou a acabar. muito. ao filho de minha amiga, que descanse em paz, em algum lugar, certamente, menos denso que esse mundo. à minha amiga, o que desejar? igualmente, muita paz. que a perda seja um dia superada. à sua mãe, avó do menino, que tanto empenhou-se em seu tratamento, acompanhou toda a luta e o sofrimento, bem como as vitórias, desejo do fundo do coração muita força e a sensação de um dever muito bem cumprido. e o mais importante: a obrigação de encontrar fellicidade nessa vida, que tanto parece injusta. a 2007, desculpem-me, mas um grande foda-se. não me lembro com saudade desse ano. espero que ele não sinta minha falta.

domingo, 9 de dezembro de 2007

a chacara da albertina [ou, o resgate]

- ei, você é a cara daquele ator da novela das seis – a frase veio da sexta ou sétima morena enfileirada naqela parede inesquecível, especialmente para alguém fiel à crusada para ‘salvar a vida de um amigo’, como era meu caso.
- hã? falou comigo? - a essa altura, me divertia horrores e a viagem já valera a pena. mas havia o pânico da simpatia revelar-se, no fundo, estratégia da jovem para melhor oferecer o produto da casa: mulheres. mas eu não poderia continuar gastando r$ 8,90 em cada cerpinha!!! eu simplesmente não tinha mais fundos. mas acho que vale a pena retroceder um pouco no tempo para contxtualizar o[a] leitor[a].

brasília, dia frio do inverno de 1994. cantina do araújo, fa, unb.
zé, mike e eu discutíamos a respeito da situação periclitante de mike: o cara precisava trepar. o tempo em que não sentia o inesquecível aroma de uma vagina contava para mike não em dias, ou meses, mas já em anos. como nenhum de nós era suscetível a moralismos imbecis, o grupo encontrou uma solução pragmática: mike contrataria os serviços de uma profissional do sexo. zé era de ribeirão preto, cidade tão provinciana quanto divertida do nordeste de são paulo. como na época éramos todos estudantes, sem grana ou carro, aproveitamos alguns feriados na terra natal de zé. e aí nos lembramos de que havia sido divulgada, ainda nos anos 80, uma pesquisa sobre os melhores prostíbulos do brasil. e onde estava o melhor? exatamente em ribeirão preto: a ‘chácara da albertina’. concordamos logo que a única razão para não se pegar uma puta era a falta de grana. e na época ela era realmente escassa.. e mike topou. marcamos a viagem para o feriado de 12 de outubro. durante o tempo que passou rápido de julho a outubro, preparamos cirurgicamente a viagem, em especial a parte financeira. mike orçou cada centavo que gastaria, pois nada poderia atrapalhar aquele plano.

estávamos bem acostumados ao roteiro brasilia - ponte alta - catalão - uberlândia - uberaba – ribeirão preto. mas dessa vez, a viagem passou mais rápido e bem mais divertida. chegamos a ribeirão por volta de sete da matina e rumamos direto à casa de zé, onde, como de praxe, fomos muitíssimos bem recebidos. tradução: muita comida para os cinco dias que passsaríamos lá, graças à irmã ‘boleira’ e Zé, e dois freezers cheios de cerveja – sim, na casa dos pais de zé havia dois freezers, o que eu achava impressionante.. graças a seu pai.

após um primeiro dia de reconhecimento de terreno e menos 3/4 de cerveja em um dos freezers, chegava a hora de implementar ‘o plano’. no dia anterior descobrimos que o puteiro ficava no bairro em que moravam os pais de zé: tudo conspirava a favor. nas referências que conseguimos ao planejar a viajem, a chácara da albertina ficava na saída da cidade: década de 1980.. obviamente, mantivemos o real propósito da viagem em segredo. descobrimos também que se entrássemos na chácara antes das 15h [isso mesmo, três da tarde] não pagaríamos entrada, o que na época representaria um colossal gasto extra. pronto. duas e pouco da tarde, rumamos à famosa chácara no estilo ‘o incrível exército de brancaleone’: mal vestidos, bêbados, e rindo à toa. conseguimos entrar antes das três horas - êba.

o local era suntuoso. apesar de meio decadente, tinha algo de copacabana palace em área ribeirão-pretana. era possível sentir que gozara de grande prestígio entre os abastados plantadores de cana-de-açúcar em décadas passadas. na entrada havia um enorme salão, colunas romanas de gosto bem duvidoso e uma igualmente enorme piscina na lateral – puta, que nojo, já emendou zé. como eu era muito trash à época, já pensei loucuras naquela piscina. mas bastou uma rápida olhadela no cardápio para constatar que não podíamos nos animar.. eu e zé tínhamos grana apenas para duas, no máximo três cervejas enquanto a vida de mike era resgatada. e o resgate teria tempo limitado: duas horas. não importa o que acontecesse, mike deveria ser salvo nessas duas horas. a primeira medida indoors era escolher o salvador, digo, a salvadora.

dez meninas enfileiradas de forma organizada, como novilhos para o abate, assistiam novela. a vantagem de se entrar cedo em um puteiro é pegar o elenco no começo de expediente e ter opções, digamos, mais higiênicas. mike, que sofre de timidez aguda, já tremia antes mesmo de escolher. porra, o cara decide trepar com uma puta, vai ao local, mas trava na hora de escolher! foda. zé, que apresentava um nível particular de escrotidão, se divertia com tudo, enquanto eu também tremia, mas por outro motivo: não conseguia esquecer de que uma cerpinha custava r$ 8,90 !!! eu já contava mentalmente toda a grana que tinha para passar as duas horas – não comeria ninguém e ainda sairia de lá fodido, sem grana. mas continuava impressionado com o local. minha concepção ‘inocente’ de puteiro era a imundície dos recintos do setor de diversões sul em brasília. o conic. pois bem, a moça já trouxe, de cara, um balde cheio de cervejas. eu metralhei: - mike, escolhe logo a porra da puta, pois não tenho grana e vou ter de passar duas horas aqui!! o cara agora estava muito tenso. não conseguia sequer falar. zé divertia-se somente olhando aquela fila de putas que, por sua vez, divertiam-se mais do que todos nós juntos. a novela rolando, eu pressionando mike, zé rindo como criança.. de repente, mike, do meu lado, aponta com o queixo.
– qual, mike?
– aquela, ele balucia.
– hã? qual?
– aquela, com o vestido branco.
achei boa escolha, apesar de não haver diferença qualitativa gritante entre as moças. tudo bem, devido ao seu nível extremo de tensão eu queria mais que ele escolhesse logo, subisse à porra do quarto, e finalizasse o trabalho. ele estava num nível extremo de tensão. eu mesmo tive de chamar a escolhida, que ‘pegou’ mike e levou para cima. achei que o cara broxaria, o que seria foda: gastaríamos tubos de grana, enrolaríamos duas horas bebendo duas ou três long necks e.. para fechar a tarde com uma brochada. mike não apenas não desopilaria, como voltaria a brasília mais tenso, mais nervoso e mais pobre.. tudo bem, valeria pela aventura.

enquanto esperávamos por mike, eu e zé começamos algo que parecia inevitável para dois jovens de 20 anos, dada a situação: estabelecemos contato com o restante do ‘elenco’. uma hora depois estávamos em meio ao grupo, como mascotes, rindo pra cacete. uma delas vira e me diz que pareço ‘moço da novela das seis’. referências novelelísticas para mim já soavam hebráico desde aquela época. detesto novelas há muito tempo. mais ainda, detesto o que elas representam – o país condena quem fuma maconha, mas aplaude a diversão diária ‘pós-jornal nacional’.
- quem? – perguntei.
- aquele. claro que ela me deu uma referência que explicava menos ainda. mas esse primeiro contato foi importante: começamos a quebrar o gelo e me diverti bastante. mas o tempo ia passando e nada. meia hora, uma hora, duas horas e nada. exatamente duas horas e treze minutos depois, mike aponta… o sorriso em sua cara só não era maior do que o rombo em sua conta bancária. parecia que tinham injetado botox no rapaz. sua felicidade revelava: job done. mission accomplished.

gastamos praticamente todo o terceiro dia consertando e montando um barco do playmobil, achado nas coisas de criança de zé, enquanto esvaziávamos o segundo freezer de cerveja e conversávamos à beira da piscina sobre banalidades. ainda saímos nas noites restantes, mas a sensação de dever cumprido era tão gostosa que nada nos preocupava mais. com a ajuda de michelle, morena bem curvilínea da chácara da albertina, havíamos realizado um bem sucedido resgate.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

'peciso acabar logo com isso,
preciso lembrar que eu existo..'

roberto e erasmo carlos

domingo, 2 de dezembro de 2007

nao resisti..

'i was looking for a job
and then i found a job
but heaven knows i'm miserable now..'

morrissey/marr

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

contribuição do 'assexuado' mais talentoso que existe.

please, please, please let me get what i want
johnny marr/morrissey

good times for a change
see, the luck i've had
can make a good man
turn bad
so please please please
let me, let me, let me
let me get what i want
this time

haven't had a dream in a long time
see, the life i've had
can make a good man bad
so for once in my life
let me get what i want
lord knows, it would be the first time
lord knows, it would be the first time

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

when harry met sally [parte 1]

trabalhei alguns anos na agência brasileira de cooperação, que funcionava na estrutura do ministério das relações exteriores [abc/mre]. era uma estrutura anômala, espécie de principado de consultores, incrustado num mar de diplomatas. contudo, era chefiada por um embaixador-artista gente boa. lá tive minha grande escola profissional: aprendi a me portar numa reunião, negociar e escrever formalmente. conheci a cooperação técnica e o ciclo de um projeto. conheci macetes e meandros profissionais. devo muito, muito mesmo àquele lugar.
e às vezes aconteciam coisas curiosas na abc..

lá tive um grande chefe, de quem sou padrinho de casamento [ou ‘testemunha’, como diz sua esposa de origem russa]. tive duas chefes imediatas, tão loucas e instáveis quanto competentes e entendedoras de cooperação técnica: sara e martinha. clima perfeito de trabalho, com muita pressão, aprendizado, mas doses alopáticas de diversão.

certa vez, sara comentou que uma amiga sua, chefe da delegação de um país centro-americano na onu, estaria em brasília por dois ou três dias. ela organizaria uma “hora-feliz” com a figura e queria que eu me juntasse a elas. claro que não dei a menor importância: o que eu faria lá? devia tratar-se de uma embaixadora com 200 anos de idade, cabelo com laquê armado e risos estridentes ao lembrar de quando serviu em genebra. além de consumidora voraz de dry martini. no way!

algumas semanas depois, chega o dia da saída. a embaixadora já estava em brasília e partiria no dia seguinte pela manhã. queria ver sara, sair com suas amigas e ir a um lugar legal. conceito relativo esse.. well. decidiram-se pelo universal dinner, que abrira há pouco tempo e antes dos arroubos ególatras da proprietária, era realmente muito legal. transado, com decoração peculiar, excelente comida, boa música, o lugar tinha um balcão ótimo. balcão! taí algo que falta em brasilia. aliás, além do bar ‘balcão’ em são paulo, acho que falta cultura de balcão no brasil. pois bem. dani, colega da abc e ex-companheira de unb insiste para que eu vá. pergunto a ela [me conhecia há bons anos] que porra eu faria num encontro desses. típico girlie get together. ela sorriu, bem maliciosa, e respondeu:
- andré, acho que você deve ir. ela me conhecia há muito tempo. conhecia meu estilo heterodoxo, minhas idiossincrasias, meu gosto pelo underground e parte de minhas preferências. mas o sorriso dela teve uma cumplicidade esquisita.. apesar de não termos tanta intimidade, topei. na época, eu era inconseqüente e não tinha grandes preocupações. então, lá vou eu ao universal dinner com minhas chefes, conhecer a tal embaixadora.

o que não me haviam dito é que não seria um encontro ‘quase’ só feminino, mas completamente! as colegas de trabalho já estavam lá, mas nada da embaixadora, ainda a caminho com sara. fazer o quê? há muito tempo deixei de me intimidar em meio a mulheres. roubada ou não, só me restava encher o rabo de champanhe [parafraseando de forma light uma amiga muito querida] e na melhor das hipóteses, rir um pouco. meia hora depois, minha chefe aparece acompanhada por uma menina bem interessante. opa! menina?! pergunto pela embaixadora.
- essa é marita, andré.
peraí!! que porra de representação diplomática era aquela?! era só uma menina! devia ter minha idade. e tinha. eu, 27 anos. marita, 28. era deliciosa. charmosa. gostosa. inteligentissima. senso de humor feito de ácido sulfídrico, como o meu. três garrafas de chandon mais tarde, conversávamos sobre mil coisas e descobríamos afinidades. ela começava a se soltar. ao abrirmos a quarta garrafa.. marita me confidencia que é lésbica, morava com uma brasileira em new york e estava no brasil justamente para conhecer a família da mulher. caralho, será que essas coisas só acontecem comigo?! quis matar minha colega e minha chefe.

na época, eu já havia descoberto que o campo sexual é bem mais etéreo e fluido do que as aulinhas de ciências na 4ª série nos ensinam. NADA é exato. a começar pela tal escala kinsey [os vários sexos].. você até planeja as coisas, mas na hora de implementar, se dá conta de que esqueceu de incluir no cálculo 430 variáveis não quantificáveis. aí a vida diz: foda-se! vai acontecer do jeito que ela quiser! bom, não gozei, mas relaxei.

as coisas foram rolando, champanhe, bom clima, boa companhia, muita empatia, mais champanhe. e a linguagem corporal da mulher mudou. a minha também deve ter mudado. ela ficou mais aberta, mais expansiva. eu fiquei interessado. afinal, tínhamos algo forte em comum: gostávamos muito de mulher. entramos de vez numa freqüência comum e sem maiores hesitações, apenas curti o tempo em que passamos juntos. sempre achei legal conhecer gente interessante, com recado a dar, conteúdo. no caso de uma mulher profissionalmente muito bem sucedida e sexualmente bem resolvida, viajada e que ainda apreciava o mesmo que eu - as mulheres - melhor.

entramos em uma madrugada deliciosa. e de repente marita me abala: começa um ‘trabalho manual’ muitíssimo bem executado em mim, ali mesmo, embaixo da mesa: "mão naquilo”, numa mesa do universal dinner em noite cheia. há! sua habilidade quase cirúrgica não a deixou ir até o fim. mas duas garrafas de chandon mais tarde, era hora de fechar o recinto. foda! hora de ir embora. rolam as despedidas e fui acompanhar sara e sua convidada ao carro, afinal, marita embarcaria no dia seguinte. ok, foi uma boa noite. aliás, foi uma ótima noite.

de repente, a embaixadora surpreende novamente e, enquanto eu esperava um “nice to meet you” talvez algo do tipo: “maybe we can meet again some other time”, ela me susurra algo inesquecível [acho que agora sei o que bill murray disse a scarlet johansson ao final de lost in translation..], me pega de jeito e começamos uma ‘semi-sequência’ de pornozinho light no estacionamento de um bloco residencial. resumo da ópera: gastei quase 100 paus naquela noite, mas ver minha então chefe sorrindo, também confusa com as bolhas e disfarçando, olhando para cima, enquanto eu e marita nos entendíamos ao final da noite, nem mastercard pagava. e foi isso. despeço-me de sara e caminho bêbado de volta ao bar, achando que há coisas que só acontecem comigo. quando entro no universal, o garçom me esperava com um bilhete: - a moça pediu para entregar para o senhor..
- hã?
“nice talk, delightful atmosphere, loved to meet you.. life is full of surprises”
- puta-que-pariu-mas-é-só-isso?! como assim, a vida é cheia de surpresas?! caralho.

fui atrás do manobrista com guarda-chuvas, pois começava a chover.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

dentes brancos e hálito puro.



dia desses, voltei de um curto almoço e fui logo escovar os dentes, pois tinha muito para atualizar no trabalho e já etava estressado. no banheiro de um certo ministério, nenhuma alma à vista. melhor assim. após 5 minutos de fio dental, comecei a escovação recomendada por minha inspirada dentista – que acha que as pessoas não têm mais nada para fazer na vida além de cuidar dos dentes.

cerca de 5 minutos depois, entram dois senhores de cerca de 45, 50 anos , estilo ‘velha guarda’: trajes, cabelos e linguajar “ministerianos”. um deles, o fulano, logo vira para o outro e dispara: “beltrano, você não vai acreditar. sabe aquela safada que eu tô pegando? então, saímos ontem e fomos logo ao motel. chegando lá, na hora h, a porra da mulher não estava mestruada”?!
- “tchlept!” – cuspo um pouco, e continuo a escovação.
- “não acredito, que nojo!! – reprova com vontade o beltrano. “é verdade. que mulher foda, a gente acerta a saída, e como já está ‘se pegando’ há um tempo, já ia direto para o motel. ela não falou nada e na hora de tirar a calcinha, apenas sorriu meio sem graça e continuou..” – disse fulano, com aspecto mais puto ainda.
- “tchlept!” – cuspo mais um pouco de pasta, e continuo a escovação.
- “cê tá de sacanagem! que escrota, nem falou nada! mas e aí, tu comeu ela”?
- “porra, claro que não. que nojo.. aquele cheiro”!
- “tchlept!” – encerro minha escovação. enquanto me enxugo, a conversa primorosa continua em detalhes.

não resisti a tanto refinamento. quis aproveitar que agora os rapazes escovavam os dentes e antes de sair do banheiro tinha de deixar uma contribuição aos colegas.
- com licença, não pude deixar de escutar a conversa dos srs. e queria perguntar algo. o sr. é casado?
- sou.
- me desculpando, ainda pela pergunta, a mulher em questão é sua esposa? – eu queria ter um pouco de emoção e banquei o risco..
- é, com a esposa menstruada a gente até trepa, mas é foda...”
- me desculpe por essa última intromissão, mas.. vejo que o sr. é mais velho do que eu e, certamente, mais experiente. mas eu sugeriria que o sr. trepasse com sua esposa – ou quem quer que seja – menstruada mesmo. e mais: tente sentir algum prazer nisso, pois se ela não se satisfizer com você, certamente, será satisfeita por outro, com muito menos pudor e nojo.

é foda. tem homem que come sarapatéu, sushi, feijoada e fígado de boi. mas não consegue dar uma pequena variada de molho branco para bolonhesa..

terça-feira, 20 de novembro de 2007

morgana le fey usava adidas.

desde criança sou fascinado pelo mito de excalibur, seja na inesquecível versão futurista da marvel editada nos anos 1980 ou no filme mediano de 1976; o velho embate bem-mal, a metáfora da espada fincada em pedra e que só poderia ser tirada pelo “escolhido” [matrix?]; cavaleiros, mágica, guerras, heroísmo. na estória, minha personagem predileta era morgana le fey. charmosa, misteriosa e sensual, é presença marcante em meio a guerreiros machos. meio indecifrável, dizia pouco e seduzia muito. sempre associada a tramas e maldades, a irmã do rei arthur era uma criatura indecifrável.

na literatura antiga, morgana le fey é a rainha goddess, da ilha mágica de avalon. ao contrário da crença histórica, morgana possuía notável poder de cura, graças a seu conhecimento fitoterapêutico e capacidade de predição. era líder das nove mulheres santas que trataram as feridas de arthur depois da desastrosa batalha de camlann, que provocou a destruição de seu reino. como o cristianismo sempre considerou blasfêmia a cura não explicável [em especial por uma fêma não pertencente a nenhuma ordem cristã], a literatura consagrou a imagem de morgana le fey como bruxa e pagã. inusitadamente, descobri que morgana le fey tem uma versão não menos charmosa, igualmente misteriosa, mas muito real. e não mora longe..

desiludido com o profissional, decidi participar de uma seleção para o posto de assessor social em uma embaixada asiática em brasília. a etapa final foi uma entrevista surreal [i mean it!] com o embaixador. mas o que importa aqui é o registro do encontro com morgana. enquanto esperava ser chamado para a entrevista, notei-a dentre várias candidatas por uma particularidade: usava um indefectível tênis adidas. porra, morgana le fey estava concorrendo a um posto na embaixada e usava tênis adidas! e depois tem gente que não acha o mundo muito doido. bom, notei-a por isso, mas continuei a prestar atenção por muito mais.. era o salão da embaixada, mas bem poderia ser um castelo qualquer em camelot. gostei de seu ar misterioso e do charme desconcertado. sim, é possível ver isso tudo isso em tão pouco tempo. basta prestar realmente atenção. o homem pode olhar para a bunda, para os peitos de uma mulher. mas se prestar realmente atenção nela, pode enxergar muito e ler [n]as entrelinhas.

ao sair da embaixada, após a entevista, senti que não poderia deixar a oportunidade passar. oportunidade de quê? ainda não sabia. mas não podia vacilar. ao longo dos 34, 35 passos que me levaram à saída refleti e deixei rolar. virei para a figura e soltei: “estilo, minha cara, é tudo”. se você se sente atraído por uma mulher, em uma situação absurda, que não dá margem a aproximações, chute o balde. não perca o controle [especialmente se você está concorrendo a uma vaga de emprego], mas mostre sua “mão de pôquer”. talvez sua trinca de setes ganhe a rodada. sun tzu, provavelmente o mais celebrado teórico clássico da guerra, já dizia que nunca se deve encurralar completamente um inimigo, pois ele não terá nada a perder e só lhe restará atacar com toda a força. a situação me encurralou. sabia que não a veria de novo. a incerteza era minha única certeza. o que eu tinha a perder? nada. sabia que tinha de me expressar. apenas isso. não poderia perder a chance.

no dia seguinte, já recuperado da entrevista dadaísta com o sr. embaixador, eu pensava em morgana. aí, minha cara de pau entrou em ação. consegui seu telefone por métodos excusos e sem grandes exitações, liguei. e olha só: morgana era uma simpatia. um tanto desconfiada para o meu gosto, mas muito simpática. marcamos um café. creditei sua desconfiança ao inusitado do approach. tudo bem, eu já havia feito mais do que a maioria dos mortais - em especial os de cromossomos xy – faria. meu dia já estava ganho. mas eu podia mais. queria mais. queria conhecê-la.
morgana vivia num reino próximo e estava apenas de passagem por aqui.

à noite, ela não estava de adidas. fomos a um bom lugar, tivemos boa conversa. ela tinha mãos lindas, e era muito falante, inteligente, criativa e.. [ainda existe]: acreditava poder mudar o mundo. isso me desnorteou um pouco. a menina era cheia de ideais, crenças, valores. uma criatura apaixonante. nosso contato restringiu-se a essa vez. tudo bem. quase sempre é a mulher quem decide isso e temos de aceitar.

não consegui tirar a espada da pedra, mas ter tomado um café com morgana le fey valeu muito mais a pena do que nunca a ter conhecido.

sábado, 10 de novembro de 2007

licor de menta [para o grande betao]


estava há uns três meses em brasília, estudando para o vestibular, sem obviamente a menor idéia do curso que iria fazer. apesar de natural daqui, havia passado os últimos sete anos fora da cidade e estranhava tudo: arquitetura, concreto, pessoas. como esgotei meu saco para estudar ainda no segundo grau, matriculei-me num cursinho, unicamente para me acostumar à tal metodologia cespe de avaliação [a famosa “uma errada anula uma certa”, algo até então inédito para mim]. e lá acabei fazendo amigos: é mais fácil quando se tem dezessete anos. e eu era apenas um jovem semi-inocente e quase bem-intencionado.

no cursinho, nada de novo no front: putarias, brincadeiras, algumas boas aulas, inconsequências e apelidos, muitos apelidos. alguns até bem criativos. deixei de ser andré para me tornar, por um tempo, “araponga”, alcunha de uma personagem novelística de tarcisio meira, memorável. culpa de um topete cultivado intencionalmente à la morrissey [quando eu ainda era dotado de cabelo].

as coisas corriam bem normóides quando conheci betão, figura bem mais velha e esquisitíssima da “turma de baixo”. eram três turmas de pré-vestibular: térreo [os normais], onde eu estudava, primeiro andar [os cdfs.] e subsolo [os degenerados]. em princípio, a figura de betão inspirava pânico: cabelo do capitão caverna e indefectível jaqueta do exército como uniforme diário, o cara reinava no objetivo como um pária. tinha aspecto meio sujo, meio barra-pesada. e meio gente boa, apesar do receio de me aproximar dele. fomos apresentados por um amigo em comum e a identificação veio fácil: pelo heavy-metal. o betão era aficcionado por iron maiden. pronto. a desconfiança e o receio viraram horas de conversa. a cada dia, trocávamos mais figurinhas e um mês depois, betão já era minha referência em brasília.

o cara tinha uns 25 anos [quando temos 17, achamos que ainda falta uma eternidade para os 25..] e a cada dia vinha com histórias e histórias “barra-pesada”, sobre mulheres, mais mulheres, sobre drogas, sobre rock’n’roll. eu não era conhecedor das mulheres, muito menos das drogas. então, viajava. escutava, de cara, curioso, maravilhado e completamente tomado pela vontade de experimentar um pouco daquele mundo, se é que ele realmente existia. eram histórias escabrosas.. numa época pré-orkut e pré-msn, aquele cara era um autêntico punk. cagava para o estabilishment.

numa sexta-feira de julho [ainda fazia frio aqui], betão veio com a proposta: “quer ir a uma festa muito doida”? o que seria uma “festa muito doida” para um cara absolutamente excêntrico, vivido e quase grotesco? eu ainda não conhecia ninguém em brasília além de meus primos. praticamente não saía. um pouco desconfiado, topei. marcamos cedo [ele sugeriu 21h, o que não entendi] e ficou de me dar uma carona. foi quando me disse: “a festinha vai rolar na unb, mais precisamente no ida [instituto de artes]. putz, vai ser meu primeiro contato com a unb e logo com artistas.. demais!!”, pensei. ele completou “ah, vai ser uma ‘festa do licor de menta”. “hã?! não gosto de licor. acho bebida de tia velha”. ele riu maliciosamente e desconsiderou o comentário.

estava bem frio e à medida em que nos aproximávamos do ida, passei a entender ainda menos o que estava por acontecer. o cara havia me falado sobre uma “festa muito doida”, o que me deixou bem curioso. mas não havia sinal de festa, muito menos doida, nem de licor de menta. a unb daquela época era bem mais escura que hoje, muito mal iluminada. meio assustadora até. e ele me pedira para usar roupas pretas. ótimo. para mim, isso nunca foi problema.

chegamos ao ida. pouca gente do lado de fora. pouca mesmo. mas betão encontra logo uns conhecidos, compra uma cerva, e eu compro outra. tomamos mais cinco, cada um, intercaladas por doses de “chora rita”, cachaça de baixíssima qualidade, deliciosa naqueles tempos. nas próximas horas, o povo começa a chegar. eu, completamente leigo, continuava sem entender nada. mas conheci uns caras, tomei todas e ia curtindo a noite. o som estava legal, muito rock. ali, havia pena de morte velada para quem falasse mal de rock. que saudade.. mas foi quando percebi algo: só havia homens!! socorro. cadê o “gataral” [para usar o termo de um amigo]? betão podia ser muitas coisas, mas não era nerd nem geek. mas eu estava na onda, estava bem.

por volta de meia-noite, toca um sino [agora eu entendia menos ainda] e todos entram para uma sala meio escura. um dos caras começa a ler um pergaminho e recitar versos, como num culto. me convenci de que a festa era realmente doida. de repente, surge na sala uma morena de vinte e poucos anos, muito sensual, gostosa, vestida com um robe de seda branco, do tipo peça de brechó erótico, barata, mas estilosa. por baixo, parecia estar nua.. mas claro que não deveria estar!! rapidamente, juntam-se mesas e está formada uma cama. a essa altura eu não entendia mais porra nenhuma! eis que amulher tira o robe quase transparente e estava mesmo nua em pêlo. em seguida, deita-se tranquila e com cara de safada. alguém aperece nessa hora com uma garrafa de conteúdo verde. não deu para ver o que era, até porquê a essa altura eu estava louco demais para enxergar o conteúdo de uma garrafa. betão solta: “é o licor de menta”. e aí me dei conta de que aquela sequência absurda de coisas era realmente uma festa doida.. um cara usando roupas pretas aparece e começa a recitar algo - dessa vez numa língua indecifrável - como se fosse um sacerdote druida preparando um sacrifício humano. parecia o clímax da noite. "deve ser uma típica manifestação artística" - pensei. "talvez uma instalação", do tipo que se mostra incomprensível a quem não é transgressor genuíno. me senti o máximo! e o cara conclui em alto e bom português: “a cerimônia está oficialmente iniciada”. e derrama todo o conteúdo da garrafa ao longo do corpo delicioso da morena, agora vestida, literalmente, de licor e salto alto. “puta-que-pariu-que-porra-é-essa?!” – deixei escapar em “quase-sussurro”. betão, meio bêbado, vira para mim e diz: “esse foi o brinde formal; agora, vamos celebrar a noite, tomando o licor"... noite memorável. definitivamente, o melhor licor de menta que "bebi" em toda minha vida. e nem me lembro da marca...

encontrei betão numa reunião de trabalho em são paulo, uns dez anos depois, de cabelos curtos [putz, ele parecia tão limpo!!], bastante desenvolto na explanação de um programa de inclusão social para portadores da síndrome de down. após a reunião, fomos tomar um café e conversamos bastante sobre a época do cursinho. chegamos a lembrar de algumas histórias, mas os tempos eram outros: nem falamos de bebidas alcóolicas..

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

começar pelo começo [ode às lideranças alternativas..]


brasília, quarta-feira mais quente do que o recomendado, padaria grão-mestre.

estava de férias na casa de um tio no rio de janeiro [mais precisamente, em icaraí, niterói] há exatos 17 anos, quando numa noite de insônia [em mim, ela é mais antiga do que o carbono 14] descobri uma estante interessantíssima. meio sem querer, vi um livro de shere hite, que me chamou a atenção. descobri que ela já era uma renomada sexóloga americana, autora de um sem número de livros sobre o tema. assisti, há uns 3 anos, ao filme “kinsey – vamos falar sobre sexo”, a respeito da vida do biólogo americano que marcou a década de 40 com teorias inovadoras sobre sexo, comprovadas a partir de muitas pesquisas. na minha opinião, shere hite e alfred kinsey são desses revolucionários que o mundo até descobre, mas não reconhece como tal. deveriam figurar entre os avatares da ciência moderna. desbravaram um dos campos mais espinhosos do conhecimento e, certamente, um dos mais marcados por tabus: a sexologia e suas implicações. hite começou a revolucionar a sexualidade feminina nos anos 60. kinsey desmistificou a forma como o homem americano lidava com o sexo já nos anos 40. esses dois estudiosos são, sem dúvida, minhas grandes inspirações “técnicas” para escrever este blog. digo técnicas, pois tenho como grande influência prática minha própria história, o estímulo de um grande amigo e uma de minhas grandes cúmplices e parceiras em alguns registros da época de graduação, a quem chamarei de 'a amiga da diana'. certamente esses dois eixos mesclam-se e se complementam para dar forma ao texto.

começo essas despretensiosas linhas inspirado por “sweet jane”, hino de uma de minhas bandas preferidas: velvet underground. nada mais propício: tem 'underground' no nome e seu vocalista, lou reed, foi casado com um travesti.. além de haver sempre se mostrado uma figura talentosa, criativa, introspectiva, inquieta, e amigo do andy warhol. não poderia ser de outra forma. nas próximas páginas, devo falar sobre minha fixação pelo rock, em especial, suas variações produzidas nos anos 80.

ainda procuro vencer o amadorismo e a confusão mental para colocar no papel 34 anos de viagens, bloqueios, aventuras, loucuras e lisergias que, de uma forma ou de outra, refletiram-se na total e absoluta quebra de preconceitos no campo sexual.
já havia concordado com a idéia. faltava decifrar a fórmula do ‘como’ fazer. depois de três heineckens, um sonho de creme comprado ontem e uma eisenbahn strong golden ale [vale a pena guardar esse nome], confirmei a idéia: será mesmo um blog. ora, nada mais indicado. usaria o recurso como "piloto" para alcançar algum público, com a comodidade de estar protegido pelo distanciamento da tela do computador; entraria de vez no século XXI, tão resistente que sou à tecnologia, e testaria uma idéia que ainda me causava certa relutância.

decidi começar da seguinte forma: breve resumo de minha adolescência em são luís do maranhão, e um mergulho na época do meu curso de graduação, já em brasília, where the real fun begins. ou não. lembro da frase cabalística de um professor de filosofia do direito, há quase 15 anos: "o homem é um ser biográfico, não biológico". sensacional. foda-se quem você diz que é. o que vale na vida é o que você faz!! cheers.

por hoje está bom.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

com licença. escritor bissexto entrando..





influenciado por uma fase esquisita, mezzo deprê-mezzo cética, estimulado por um de meus entusiastas intelectuais, e por alguns seres interessantes com passagem recente pela minha vida, resolvi criar um blog. meio desconfiado dessas modernoses, tentando vencer a preguiça e a falta absoluta de tempo, topei o desafio. e acho que pode dar certo. obviamente, quem decidirá é você.
há tempos aprendi com meu pai um termo que passei a adorar: 'escritor bissexto'. e aí, bem de vez em quando, meu pedantismo me provoca a escrever algo e me convence que valerá a pena..
bom, ter talento artístico, em minha opinião, não é algo tão questionável. a arte tem valor - inclusive estético - e pode ser discutida. mas não deixa de ser a manifestação livre da criatividade. aí eu me permito 'chupar' a premissa do satanismo: "tudo o que fizeres, será a lei". porra, se um dos maiores artistas da modernidade explodiu para o sucesso pintando latas de sopa, tudo, literalmente, pode. além disso, até paulo coelho foi aceito na ABL..

e sobre o que será esse blog e que porra é H21?! isso será explicado oportunamente, mas em suma, me cansei da associação 'sexo frágil' = mulher. cansei de ver homens atrapalhados atrapalhando-se nas relações romântico-sexuais. de ver esses homens gabando-se de feitos e de falácias criadas para manter o mito da virilidade. da superioridade. da frieza masculina. da obediência cega à padrões inventadados mem me lembro por quem.. fucking bullshit! mas me cansei também da 'reação feminista' que desde a revolução sexual tem encastelado a mulher em neuras das quais ela ainda não sabe como sair, o que gerou mais incompreensão em relação ao homem. pois bem. distanciamo-nos e não conseguimos compreender mais uns aos outros. e tome análise, terapia..
a verdade é que cansei de ver homens e mulheres relutando em aceitar algumas verdades simples - mas absolutas - inerentes a cada sexo e que de repente nos acostumamos a negar e mascarar a todo custo: homens são mais inseguros. mulheres são mais instáveis. trata-se de premissas dificilmente refutáveis..
cansei de nos ver, inclusive, com dificuldades para entender o romantismo, para assumir o lado feminino.. eita, que blasfêmia!!! macho não tem lado feminino! pois é. de acordo com alfred kinsey, maior teórico sexual do século XX [que por acaso era biólogo], tem sim. vou digerir de kinsey a shere hite [em minha opinião, maior sexóloga da história], de fernanda young a fernando gabeira, vou 'passear' por arquétipos e histórias, para tentar entender a construção da identidade masculina, e as besteiras que nós fazemos. dentre outros. vou também aproveitar minha humilde experiência, para tentar 'ler', interpretar, processar e situar o homem na era pós-revolução feminista. mais precisamente, nessa entrada no século 21. daí..

pensei um pouco sobre como construir esse blog. tenho algumas 'viagens' autobiográficas escritas e resolvi aproveitá-las. mas não queria simplesmente registrar meu passado, qualquer que fosse a impressão causada por ele. quero contextualizar o[a] leitor[a], por meio de alguns fatos e perspectivas que acredito curiosas. acho que essa fórmula poderá facilitar o entendimento do que escrevo sobre o presente, e proponho para o futuro. espero que nós, homens, nos entendamos melhor, para assim compreendermos melhor o[s] sexo[s] oposto[s], o mundo e nosso lugar nele. talvez um mínimo de êxito nessa empreitada facilite também a compreensão das mulheres a nosso respeito. considerando minha provável falta de talento literário, tudo será feito num clima bem relax. para quem escreve e quem lê.
e que assim a convivência entre tod@s seja mais tranquila, pelo menos nesse mundo.

mas, como diria o velho guerreiro: "eu vim para confundir"..

então, posso entrar?