sexta-feira, 9 de setembro de 2011

[re]encontros

experimentei, há cerca de quatro ou cinco anos, a reflexão: seria possível – para um fóbico como eu dividir o mesmo teto? a experiência amorosa que comecei a viver confirmou que sim. é possível aprender e ensinar marital e paternalmente. e tem mais: não há preço para isso. o mesmo teto vale a pena, tanto quanto respirar, beber água, viajar, gargalhar e tomar banho no mês de setembro, em Brasília. se houver amor franco e saudável, correspondido, vale ainda mais. confuso, com a asa ainda machucada, me pergunto: é possível vivenciar o mesmo com amigos? mais: com quase-desconhecidos? ainda não tenho resposta, mas devo apostar em breve.

passei de super-tímido a super-louco a super-irresponsável a super-chato a super-maduro a super velho. hoje sou menos super-confuso. quando se vive de peito aberto, o risco de sofrimento é maior, mas a verdade é sublime e a vida pode ser bem legal. dúvidas fazem parte dela e é bom que façam. crises, idem. mas, voltando à vaca fria: acalmar e reaproximar-me do sol tal qual o homem-pássaro ou apostar no [meio]desconhecido?

sempre respeitei a amizade e acho que a sociedade contemporânea supervaloriza a paixão. é foda conferir tanto valor a um sentimento que faz mais sentido quando morto, para dar lugar ao que realmente perdura e importa. a amizade é diferente: pode ser igualmente arrebatadora e confusa, mas não nos tira os dois pés do chão. proporciona a troca de experiências de maneira mais justa e equilibrada. apesar do risco da assimetria na doação, o intercâmbio é mais fácil na amizade.

lembro-me de sofia coppola e seu delicioso lost in translation; em português, “encontros e desencontros”. considero o filme uma ode aos encontros. a vida já nos bombardeia com desencontros. falta entender os “reencontros”. quando românticos, são legais; mas quando gostosos, divertidos, instigantes e verdadeiros, são memoráveis. eu já não acreditava nisso, mas talvez esteja vivendo um encontro na amizade. se os mestres dizem que está tudo escrito, não seria um reencontro? o tempo deve dar seu veredicto.

bom, o momento de decidir aproxima-se e inclino-me a arriscar. afinal, encontros marcantes são raros e valem a pena.