sábado, 28 de novembro de 2009

o momento em que a mão esbarra no corpo ao lado.. [ou, ode aos dois meses]

a transição de um rolo, de uma "ficada", para um namoro deixou de ser mistério para mim há tempos. seja pela simples vivência da situação, ou pela chegada de uma fase mais madura, com percepções mais complexas. entretanto, sempre refleti sobre o que pontua a mudança, numa relação, da paixão, para o amor romântico. em que momento as preocupações deixam de rondar o sábado e passam a mirar o médio prazo, o futuro; em síntese, em que momento a relação começa a ficar séria. começo a ter algumas interessantes pistas..

para começar, não se ajustam problemas de um relacionamento pelo simples "girar" de um botão de controle, apenas para renomear o arranjo, para planejar um filho, uma viagem, ou mesmo o casamento. mudanças estruturais tão significativas só podem ser benéficas se corresponderem à evolução natural de uma combinação saudável de sentimentos: confiança, tesão, cumplicidade, admiração. daí, brotará a vontade de planejar coisas comuns, de compartilhar. tal combinação deve, inclusive, servir à resolução madura e pacífica de conflitos, com base em entendimento, em diálogo. dito isso, parece óbvio o grau de complexidade que envolve o amadurecimento ou, em linguagem onusiana, a "gradação" de um relacionamento. mas pode não ser bem assim.

difícil não apelar para subjetividades na construção de quaquer raciocínio sobre relacionamentos. vivo hoje a quintessência da descoberta, da entrega, da aceitação de algo sublime, sensacional. por isso as linhas que esboço agora são o reflexo dessa fase. escrevo de forma parcial sobre o que nunca compreendi muito bem, mas sobre o quê falo hoje com propriedade. simplesmente não consigo teorizar nesse quesito, pois comigo aconteceu da forma mais inesperada e não planejada possível: a partir de um blind date descompromissado. era para ser só um encontro com a amiga do meu amigo, mas algo saiu "errado".. fato é que em dois meses, eu e a moça passamos de "pessoas que se pegariam" a cúmplices numa deliciosa e curtida jornada romântica. se eu desenhasse as linhas mestras de minha vida, não conseguiria traços tão bons nesse campo.

mas voltando à vaca fria: passamos, acredito eu, precocemente e sem grandes traumas, da paixão - preservada e potencializada junto com o amor, para a fase mais madura da relação, de compromissos, planos, médio prazo e certezas. meus algozes por anos transfomaram-se em parceiros de uma brincadeira séria e deliciosa. e tal brincadeira "ajustou" algumas coisas, peças fora do lugar em minha vidinha. por exemplo, eu nunca soube dividir a cama. nunca. sempre me foi tarefa árdua dormir com outra pessoa. desde o aspecto físico - sou insone crônico e outra pessoa quer dizer outros barulhos, outras "mexidas", outros arranjos noturnos.. ao aspecto sentimental - intimidade para mim sempre foi um problema. pois bem, muros foram minados, problemas naturalmente resolvidos e cá estou, pronto para começar uma longa estrada para fazer a relação da minha vida dar certo. e em que ponto exato o "milagre" teria contecido? difícil, mas acho que foi exatamente quando as esbarradas noturnas involuntárias deixaram de ser problema e se transformaram em prazer, delícia curtida a dois, aguardada..