sábado, 22 de novembro de 2008

putaquepariu, o rio é foda!

- todo mundo fuma; 85% das pessoas que fumam acham que a ponta de cigarro tem perninhas e, depois de estupidamente atirada ao chão, vai procurar o lixo mais próximo para descansar em paz;
- a culpa pelo entupimento de todos os bueiros da cidade, provocando alagamentos genaralizados e potencializando o caos já conhecido, é da altitude.. hahaha!
- 60% dos estabelecimentos comerciais simplesmente não conseguem responder - com precisão – à pergunta: “exatamente a que horas vocês abrem”?
- ninguém, literalmente, consegue dirigir 100 metros sem buzinar como se fosse o fim do mundo;
- sete meses depois, ainda não consegui entender a lógica do trânsito..
- “tem, mas acabou” é frase bem corrente no comércio;
- a cada 100 metros, por onde ando, há lixeiras públicas bem conservadas; servem para muito pouca coisa..
- debaixo do meu bloco, que fica em um bom ponto da zona sul, há uns 6 moradores de rua fixos: ninguém sequer nota mais sua presença;
- sim, um taxista é perfeitamente capaz de deixar o carro ficar no prego de combustível; no meio de sua corrida..
- um côco custa R$ 2,50 em qualquer lugar;
- um túnel é fechado a qualquer momento, simplesmente porque há um tiroteio próximo e traficamentes resolveram tocar o terror em um lugar bem propício;
- não se pode programar uma ida ao aeroporto internaconai sem a margem da possibilidade de tiroteio na linha vermelha: isso é a mais instituída rotina;
- por falar nisso, há mais de 20 anos é difícil distinguir o poder instuituído do poder paralelo;
- ainda não tive coragem de ir ao maracanã: o futebolzinho de domingo é programa a ser lembrado pelos nossos pais;
- quando a temperatura baixa dos 27 graus, as pessoas tiram os casacos, cachecóis e luvas do armário;
- quando a temperatura passa dos 34 graus.. nothing happens;
- a orla de copacabana é linda; mas não se pode bater fotos dela sem correr perigo;

sábado, 25 de outubro de 2008

the good and old RNR!

primeiro foi o inesquecível - e quente para caralho - showzinho dos titãs no ginásio paulo serasate, em fortaleza. era dezembro de 1989 e branco mello ainda cheirava até o rabo: não por um acaso, foi o show mais elétrico que presenciei, com o cara quicando no palco como uma mangueira cortada abruptamente. acho que havia uns oito mil cúmplices da ira, revolta e felicidade da banda. sete anos depois, o fantástico show do the cure no pacaembú acertou as contas com uma paixão adolecente: a banda já não povoava os primeiros lugares das paradas, nem contava com a chupação insuportável da MTV, que transforma taquaras em astros da noite para o dia. mas foi escolhida como headline da edição do hollywood rock de 1996 por um abaixo assinado de vinte mil pessoas. pronto, ali, me tranquilizei e não esperava mais sair de casa, pegar trânsito, suar, ser suado, enfrentar longas e sacais filas, para ver outro show de rock. ainda em brasília, em 2005, presenciei uma feliz exceção: um show de alta qualidade do placebo na concha acústica. mas ainda faltava algo.. até ontem à noite.

já escrevi sobre as maravilhas do ano de 2007 em termos de.. bem, tudo. sobrevivi a ele, mas à exceção disso, não sobrou nada. ou quase nada: descobri a banda the national, surpresa roqueira do “baixo” brooklin, NYC. assim que eles foram confirmados como atração do tim festival, vibrei. ponderei. e resolvi ir ao show. seria o meu primeiro, depois da mudança para terras cariocas. marquei com algumas pessoas de diferentes nichos, mas acabei ficando só: uns furaram, uns venderam o ingresso, outros desmarcaram. e aí? bom, aí, porra nenhuma. peguei o metrô até quase a marina da glória, cobri a pé o resto do trecho e lá cheguei. a arena era bem legal, parecia um ginásio projetado para shows, estimulava a empolgação. a iluminação estava ótima e o som, melhor ainda, apesar das falhas que aconteceriam. no local, modetes, globetes, gostosinhas jovenis, mulheres interessantes, jornalistas.. depois de comprar duas fichas de cerveja, me sentei no chão [cena bonitinha quando se tem 20 anos, mas meio patética quando se é um grisalho de quase 36..]. mal comecei a beber a primeira cerveja quando.. para minha estranheza, o show marcado para 22:30h começa.. às 22:30h!! como assim, show de rock começando pontualmente?? ah, show que respeita o público costuma ser assim.. apesar dos pipocos no som, havia respeito. acontece.

o local estava meio quente, mas era perfeito para o show: uma tenda com cerca de 6 mil pessoas, lotada, mas completamente tranquila, favorecia o congraçamento da tribo roqueira: sem empurra, sem bagunça, sem porrada [ai que saudade de brasília!]. os caras começaram na hora marcada a destilar uma cartela de sucessos para fãs que sabiam cantar as músicas. os que estavam no gargarejo [consegui, tranquilamente] ainda eram premiados com bate-papos quase exclusivos com o vocalista, que tinha muita energia, beirava a epilepsia "ian-curtisiana". foi catártico. não me senti velho. não me senti deslocado. não me senti cansado. me senti bem. a combinação de uma apresentação empolgante, quase “branco-melliana”, total empatia com o público [mais um séquito de fãs], traduziu uma noite memorável. e confirmou algo que há muito já sabia: sou mesmo filho do rock.

mantive a média de ir a um show inesquecível por década. e o bom é que daqui a dois anos começa uma outra.. espero que o rock continue dando bons frutos capazes de quebrar minhas resistências idiossincráticas. como escreveu angeli em crônica de 1986: “tudo passa, até a mpb, mas o rock é eterno”.

ponto baixo da noite: estava difícil escolher.. até eu presenciar o supla do meu lado, de terno rosa. fazia poses e esperava os fotógrafos se amontoarem para mais poses e mais clicks. caralho, o cara deveria ajoelhar-se e pedir perdão ao termo ‘punk’!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

sueli, uma breve história carioca..

tarde - quente - de quinta-feira, escritório da UNESCO no rj:
[mactubby olha o meio dedo de pó sobre a mesa..]
- quem é responsável por limpar essas salas? - pergunto para a jovem, que entra uniformizada e com espanador na mão, em minha sala;
- ah, não sei não senhor. eu comecei ontem..
- mas vc está limpando a sala..
- não. estou apenas recolhendo o lixo.
- e quem limpa a sala?
- eu só faço o que me pedem e não me pediram para limpar..
- e se eu lhe pedir?
- acho que só amanhã, afinal, já são 16:13h..
- tipo, como assim??
- só trabalho até 17h. e tem muito cesto de lixo para recolher.
- no prédio todo?
- não, nesse andar.. [tipo, há três organizações, vá lá, uns 30 cestos]
- tá bom. amanhã você pode limpar?
- ah, lembrei que eu não venho amanhã..
- como assim, você não trabalha sexta?
- trabalho, mas tirei folga amanhã.
- mas você acabou de começar.. tudo bem, quem limpará as salas amanhã?
- ninguém.
- e segunda, você pode limpar?
- posso, mas o senhor tem de me lembrar, pois é muita sala e eu esqueço..
- como é mesmo seu nome, minha jovem????
- sueli.
- obrigado, sueli.

sábado, 6 de setembro de 2008

o que as mulheres querem?

quase não assisto mais TV. no caso de TV aberta, as exceções são um pedaço eventual de jornal nacional, o final de bom dia brasil, enquanto amarro os sapatos antes de sair para o trabalho e, de vez em quando, um jogo de futebol. mas um dia desses, assisti what women want - o que as mulheres querem. bem bobo, despretensioso e engraçadinho. mas o título tem força, provoca. já o havia assistido há uns dois anos no cinema, mas não contava com a percepção, digamos, mais madura que tenho hoje. comecei a prestar atenção nas entrelinhas. mel gibson está ótimo como quarentão conquistador que, depois de um acidente, desenvolve a habilidade de escutar o pensamento das mulheres. boa escolha, já que o ator equilibra bem sua veía cômica com charme um pouco canastrão. a linda e oscarizada helen hunt é sua concorrente no trabalho e par romântico - sou seu fã desde o belo e injustiçado stealing home, de 1988.

o filme acabou me estimulando a reflexão: e se fosse realmente possível? o que aconteceria? o sujeito que possuísse o dom seria um ‘deus’ com o sexo oposto? não necessariamente. gente idiota com mais dinheiro é apenas gente idiota gastando mais em coisas idiotas, maximizando seu potencial de ser idiota. provavelmente um idiota com esse dom, seria apenas um idiota a mais, escutando coisas idiotas de mulheres idiotas e não percebendo coisas interessantes de mulheres interessantes. sua experiência de vida e referenciais não lhe permitiriam prestar realmente atenção nos anseios e nas angústias do sexo oposto.

no filme, o x da questão é exatamente não haver um x. mel gibson descobre o óbvio ululante: a habilidade de ler o pensamento das mulheres serve bem para mostrar como os dois gêneros têm percepções e expectativas diferentes em relação ao outro, mas os sentimentos os colocam de forma curiosamente insegura frente ao sexo oposto. é exatamente a insegurança o ponto que nos aproxima. porra, se o mundo se convecesse disso! os sentimentos são parecidos, mas não se pode igualá-los. em geral, as mulheres querem um provedor, mas que as respeite, as estimule no trabalho, entenda sua cabeça e as complete sexualmente. já os homens querem uma gigantesca aventura, que dure o tempo em que durar a relação, o casamento, o namoro. mas que entenda sua poligamia crônica.. querem uma mulher safada o bastante pra despertar seu lado animal, macho. mas essa mulher tem de ser caseira e pudica o suficiente para contemplar uma expectativa socialmente construída ao longo dos anos, e que se refere à figura da reprodutora. e pior que esse é um dos casos em que o evoluído “caminho do meio” é muito difícil de ser atingido. por isso encontramos mulheres insatisfeitas em casamentos enferrujados e homens casados para quem ter amantes é algo tão natural como comprar cerveja. afinal, com tanta coisa importante na vida, para quê se preocupar?

o fato é que nos tornamos tão preguiçosos e acostumados à rotina, que muitos homens e mulheres têm dificuldade para perceber a imperfeição absoluta do modelo sócio-cultural de relação, institucionalizado no ocidente. a revolução sexual cumpriu seu papel, teve seu revés, deu tiro no próprio pé feminino mas conseguiu, de fato, alguns avanços muito significaivos. no entanto, acabou isolando mais as pessoas e as contribuições excepcionais de “marias da penha” creditam-se mais ao brilhantismo de agentes isolados como essa senhora, do que ao êxito de políticas públicas ou mesmo de mudanças estruturais nas relações sociais. afinal, a regra para a grande maioria ainda é: nascer, crescer, arrumar emprego, casar-se e conseguir um financiamento habitacional. e pronto, missão cumprida. será?

esse modelo é percebido e apreendido de formas diferentes pelos gêneros, apesar das semelhanças. mas em meio a esses desencontros, entendo como ponto pacífico o fato de que todos esperam encontrar alguém. varia a intensidade com que o mito venenoso da “alma gêmea” é internalizado. mas infelizmente ele ainda é entendido como verdade insofismável. homens e mulheres o perseguem, ainda que de formas distintas, mais ou menos assumidas.
mas se a meta é comum, porque há tantos desencontros e dificuldade para aceitar a maneira como cada um entende e se encaixa nessa busca? há diversas possíveis explicações.

penso que uma delas esteja exatamente na maneira como llidamos com a solidão. associou-se, historicamente, solidão à tristeza, ao insucesso, ao fracasso. mas estar sozinho pode não necessariamente significar ser solitário. o que deveria ser uma simples, tranquila, corriqueira hipótese na vida solidificou-se como um dos piores medos contemporâneos: viver só. mas pais e professores se esquecem de nos contar que a matemática da alma gêmea é um pouco mais cruel do que parece: nem todas as pessoas encontram um par com quem valha a pena dividir um filme, impressões [inclusive sobre a solidão] e, quem sabe, as escovas de dentes. menos pessoas são realmente felizes com esse par, tendo nele[a] um[a] companheiro[a], alguém com quem têm prazer em conviver e não um foco de stress e pequenas disputas. que bom que há yoga e bons psicólogos..

para sermos felizes - homens e mulheres - as relações devem ser “desidilizadas”, de certa forma, até desglamourizadas. devemos vivenciar um romance de forma gostosa, prazerosa, mas real, admitindo, inclusive, a possibilidade de essa paixão cinematográfica nunca acontecer. é louco, mas quando assumimos e aceitamos essa possibilidade, as chances de vivermos uma relação assim são bem maiores. é esse o propósito, é o que eu busco. acho que é o que as mulheres - às vezes inconscientemente - querem.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

beijing-2008



não sou fã ou expectador assíduo de esportes. na verdade, sou meio-bem-pouco-brasileiro por vezes: não gosto de sol, nem de samba, nem de barulho, nem de churrasco, nem de areia de praia, nem de acompanhar futebol. adoro e acompanho o circuito de tênis; adoro e pratico corrida há vários anos. além disso, apenas uma manifestaçãozinha de apreço esportivo aqui, outra acolá. não vou escrever sobre os jogos de Pequim, mas há êxitos louváveis, como maureen maggi e robert scheidt; boas surpresas, como as meninas simpáticas da vela, e mesmo o thiago pereira. há fiascos inesperados como jadel gregório, e rizíveis, como diego hipólito. mas há piadas de mau gosto, como a eliminação do brasil para argentina, no futebol masculino. para quebrar a rotina do blog, foi minha intenção registrar - em tom satírico - esse fiasco. para não ser cruel além da conta, resolvi prestar justa homenagem à seleção argentina - fazendo uma pequena adequação de formato, modalidade e ângulo..talvez no hóquei sobre a grama a gente consiga vencer las leonas.
[assinatura do net combo: 190,00; ter o prazer inenarrável de poder não ouvir a voz do galvão bueno, literalmente, não tem preço]

sábado, 16 de agosto de 2008

the graveyard sisterhood [para ana guerra]


às vezes nos perguntamos “e se..”, ou “e se não..” quando percebemos uma oportunidade não aproveitada. esta pode ser uma proposta de emprego ou um romance não vivido graças, em regra, a uma decisão equivocada. eu odeio essas perguntas! elas revelam que fomos habilidosos o bastante para reconhecer a oportunidade, e inexperientes, incompetentes ou medrosos o suficiente para não experimentá-la – é o que chamo de ‘efeito before sunrise’. e às vezes isso acontece pela simples falta de.. dizer algo.

sou fascinado por guy de maupassant e seu suspense não-óbvio e às vezes aterrador. tenho particular paixão pelo conto the graveyard sisterhood [perdão aos xiitas do título original, mas não falo francês e só tenho uma edição britânica ‘penguin books’ de guy de maupassant- selected short stories]. é a história de um sujeito – joseph de bardon - que conhece uma jovem encantadora e misteriosa no cemitério de montmartre. ao longo de uma curta narrativa, bardon deixa-se envolver pela jovem, sem saber absolutamente nada sobre ela, a não ser que chorava sobre o túmulo de um certo capitão da marinha. a partir de um curto, enebriante e sedutor contato entre eles, não há troca de juras, informações ou mesmo experiências: há apenas sedução velada, elegante, sem despedidas. não há marcos temporais. bardon apenas entrega-se, sem acreditar na possibilidade de não mais voltar a vê-la.

bardon fica encantado com a mulher. elucubra, conjectura, volta ao cemitério outras vezes na esperança de encontrá-la até que.. a vê, acompanhada de um elegante senhor. com um gesto quase imperceptível de cabeça, ela sugere que ele não a cumprimente.. e a parte final do conto corresponde às indagações de quem seria aquela quase-menina, o que estaria fazendo lá, e que tipo de relação ela estabelece com senhores elegantes que frequentam cemitérios. bardon questiona se a jovem faria parte de uma ‘irmandade do túmulo’, que percorre cemitérios para seduzir homens desavisados, valendo-se de aparente fragilidade e tristeza. . claro que a estória acaba inconclusiva. mas o que nos interessa aqui é perceber que não se pode mais deixar a vida passar, sem experimentar, sem pelo menos expressar-nos quando há percepção da oportunidade, quando sentirmos vontade. uma simples manifestação pode ser definitiva, em especial, quando não sabemos se haverá outra chance. no campo romântico isso acontece com freqüência irritante.

por quê nos impomos esse fardo? que graça tem brincar de roleta-russa com o próprio destino? quando se tem 14 anos, tudo bem. lembro de um diálogo de before sunset, no qual as personagens de julie delpy e ethan hawke conversam sobre o porquê de não haverem trocado telefones, nove anos antes, quando se conheceram e se apaixonaram, em viena. hawke [jesse] dá o tom cruel da resposta: “quando se tem 22 anos, achamos que várias pessoas especiais passarão pela nossa vida; aos 32, sabemos que isso não ocorre..”.

mas será que nos acostumamos tanto assim a conferir ao acaso uma importância bem maior do que ele merece? ‘se tiver de rolar, vai rolar..’ revela uma segurança madura, legal, mas que não enche barriga de ninguém fora do universo das novelas e dos filmes de john hughes. será que o monstro do medo de rejeição cresceu tanto assim em tempos de crise global da auto-estima? talvez.

há que se rebelar contra a ditadura do medo e provar, experimentar, tentar. o que de pior pode acontecer é a rejeição; e o problema aqui é exatamente a forma como lidamos com ela. o sentimento não pode fazer parte da nossa vida como um espectro assustador; temos de encará-lo como parte natural da existência. se formos bem-sucedidos na tarefa, as ‘chances de perdermos boas chances’ na vida estarão bastante minimizadas. é mais ou menos como um tenista de primeira linha faz: ele não está isento de cometer erros estúpidos durante uma partida. mas quando isso acontece, assim que o lance termina, o cara já está focado no próximo ponto. sinto que estamos perdendo tempo demais olhando para a ‘bola que passou’, pensando no que poderia ter sido, como o curso da partida poderia ter sido alterado caso um simples lance acontecesse de outra forma.

que autoridade tenho para escrever sobre isso? talvez quase nenhuma. mas ganhei minha edição de ‘..selected short stories’ em 1996, de uma menina muito especial que por inexperiência, incompetência ou medo, nunca me dei chance de conhecer melhor..

domingo, 10 de agosto de 2008

flerte

“i thought flirting was to get someone to notice me. now I realize it's making another person feel appreciated”.

a frase não é de bill murray ou scarlett johanson, no magnífico, intimista e solitário lost in translation [2003], mas sim da consultora em resolução de conflitos Jackie shonnerd, 53, divorciada, mãe de 2 filhos adultos, e revela uma face da mudança de paradigma vivenciada pela sociedade atual, no tocante a relacionamentos. sempre quis entender o mecanismo que desencadeia a primeira etapa de atração entre 2 pessoas. sempre tentei decifrar o que de fato atrai, antes de qualquer coisa, uma pessoa em outra.. a partir de uma curiosa sucessão de fatos recentes, senti o timing. estava seguro para retomar o projeto blog, falando do flerte.

difícil teorizar, explicar ou mesmo entender o flerte. mais difícil é mensurar, quantificar um flerte, para defini-lo como bem sucedido. mas a frase de shonnerd dá a pista: não é uma ação tão egoísta quanto parece à primeira vista, mas há algo mesmo de altruísta nele. ao “fazer outra pessoa sentir-se apreciada”, é possível quebrar o gelo que separa, inicialmente, duas pessoas, exatamente, ao ressaltar o potencial de atratividade da outra. o flerte produz reflexo em duas frentes: de maneira exógena, “massageia-se” o ego alheio, amolecendo resistências e preparando terreno para explorar o infinito particular dessa pessoa, exercendo nosso poder de sedução; de maneira endógena, o processo é semelhante: amolecemos nossas próprias resistências, relaxamos bloqueios e ganhamos confiança para abordar a outra pessoa, fortalecendo-nos para o maior risco de uma abordagem do tipo: a rejeição. o flerte protege o agente, baliza o caminho para ação e prepara a reação do paciente. aí me pergunto: onde, exatamente, começa o flerte? difícil também.. mas acredito que ela esteja situado no epicentro entre acaso, afinidade[s], interesse e atração. não necessariamente segundo essa ordem. o que motiva o flerte? flerta-se para ficar com a pessoa? por que nos sentimos atraídos por ela e, assim, compelidos a nos lançarmos na cruzada indômita da sedução? flerto porque a outra parte está flertando comigo? ou flerto para fazê-la flertar comigo? o flerte é quase simultâneo, mas seu sucesso está vinculado ao êxito dos instantes [às vezes nano segundos..] que antecedem a ação – surpresa ou reciprocidade. se o flerte é o bolo da relação romântica [gostoso, descompromissado, inconseqüente, excitante, sedutor], aqueles momentos que o antecedem são a cereja, o grande arremate. além disso, é seguro e não requer uso de preservativo..

li há pouco no site bbcbrasil uma nota curiosa sobre 57 jovens sauditas presos por flertar com meninas em um shopping center. a matéria revela o quão subestimado é o flerte e seu poder como mecanismo de expressão, de libertação sócio-cultural, de exercício da auto-estima. de regra, apesar de um problema crônico de auto-estima, as mulheres têm historicamente exercido a habilidade de flertar. fazem-no por vezes inconscientemente, mas também podem premeditar, planejar, arquitetar, testar e executar o flerte. em geral, mostram-se mais habilidosas que os homens para flertar e ainda que as subjuguemos atiradas ou vagabundas – mais por preconceito e inabilidade nossa – essa habilidade as confere vantagem comparativa no jogo da sedução.

o flerte é como um vírus em constante mutação: não há profilaxia ou teorização que nos prepare para ele. não é possível escrever um guia do tipo lair ribeiro para o flerte bem sucedido, uma vez que acontece por um canal de comunicação particular - e praticamente exclusivo – entre duas pessoas. assim, é influenciado – e ditado – pelos signos utilizados para essa comunicação. por isso pode ser tão difícil flertar com alguém de outra cultura; por outro lado, como o flerte é produto da sociedade em que é praticado, flertar com estrangeir@s pode ser particularmente excitante.

uma fantástica vantagem: flerta-se em qualquer lugar e em qualquer situação: em festas, enterros, hospitais, universidades, escolas, na fila do brócolis, do INSS, em lojas, aeroportos [ah..], na cobal, igrejas, clubs, bares, botecos etc. e é gratuito.
pela própria natureza efêmera do flerte, ele não gera as complicações de outras formas de interação. a bem da verdade, um flerte pode acabar de duas formas: ou evolui para algo mais íntimo, ou acaba, no vazio. mas TUDO pode acabar em flerte. o importante é que o “jogo” estará ganho para quem flerta. se não acontecer absolutamente nada, terá valido a pena exercitá-lo.. e quão infinitos são os mecanismos de flerte! uma conversa, cumplicidade, um olhar, a ausência de um olhar que, sabemos, está lá ..

preste mais atenção no que acontece à sua volta e quem sabe você não depara com um delicioso flerte?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

peter pan+lolita


em tempos de krisis e decisões capitais, não tenho dado justa atenção ao blog. e é assim que vai continuar, pelo menos por mais um tempo. contudo, é fato: desde natalie portman em 'o profissional'[1995], o cinema não apresentava uma surpresa quase-adolecente tão talentosa quanto a canadense ellen page, protagonista de 'juno' [filme que merece crítica à parte]. articulada e com personalidade, desajeitada e sexy, engraçada e hiper-ativa, ela "toma conta da cena". acho que vale a pena guardar o nome - e o rosto - dessa menina.
tentarei atualizar o blog. mas antes vou ver juno de novo..

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

duas coisas que odeio e uma que adoro.

- odeio que me perguntem: 'algo mais senhor?', como se eu tivesse aterrisado há pouco no planeta ou fosse totalmente desprovido de massa cinzenta para..... escolher dentre coisas que já conheço bem melhor do que a pessoa que me pergunta.
- odeio o excesso imbecilóide do politicamente correto. anão é anão, negão é negão. devemos combater o preconceito, não cultuar a estupidez.
- adoro saber que luciana vendramini está viva!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

escudo antimisseis

e lá fui eu, aliciado por dois amigos muito queridos, para mais uma festinha maluca no conic. é curioso como os habitués daquele lugar [o conic é, literalmente, um lugar] reconhecem três ou quatro ambientes ali. para mim, o conic um ambiente só, com uma série de caminhos, atalhos, esconderijos, cantos escuros e pessoas esquisitas. de dia já é assim. mas de noite..
estava fazendo uns 45 graus [descontando meus superlativismos, uns 33], “à sombra”, naquela festa. eu suava, mas me divertia. o som era eletrônico, o que não é minha especialidade, mas eu gostei e muito. curtia a noite, à medida em que a festa entrava madrugada adentro. [tentarei ser menos prolixo] – lá pelas 5 da matina, a pista ainda lotada, estávamos nos encaminhando ao caixa para deixar a conta paga e evitar as desagradáveis filas de final de festa.
- praft! - eita porra, cuidado! disparei para a baixinha que me interceptou como um scud.
- me desculpe, nem olhei direito [simpatia meio atípica em brasília].. andré?!
- ana?
- eu! e aí?
sim, era ana, uma conhecida, marida de uma outra conhecida. mas ela estava só.
ana era casada, vivia com uma menina que conheci no rio de janeiro, em uma viagem de trabalho. sempre achei ana interessante. uns treze segundos após o “e aí?”, ficamos. e o negócio começou a esquentar. acho que foi um dos esbarrões mais legais que tive. esquentou tanto, que após me despedir de meus amigos, já estávamos em minha casa, pelados, apesar de ter sentido certo desconforto nela: aquilo não era seu modus operandi natural. nada relativo especificamente à minha pessoa, mas pelo fato de ela estar com um.. homem. “trabalhei” com minhas papilas degustativas para relaxá-la um pouco. e ela relaxou. bastante. bytheway, calcinha ensopada de tesão é uma das melhores sensações de que me lembro a qual nem amex platinum paga. continuamos nos chupando, rindo e nos divertindo. parecia a trepada do século até.. começarmos a implementar “o ato”. no primeiro movimento “encaixante”, a moça travou. secou. gelou. e parou. foi impressionante: aquela esponja encharcada transformou-se, em segundos [i mean it], em uma muralha aparentemente intransponível. ainda tentamos um pouco, daqui, dali, por acolá, mas.. nada feito. o bom de conhecer sua parceira: conversamos, rimos, ela me ajudou a finalizar deliciosamente a noite e foi isso. nada mais.

moral da história: nada de mal em ficar com uma mulher que gosta do mesmo que você, pelo contrário. mas talvez o encontro seja ótimo apenas enquanto se esteja fazendo o que duas mulheres pudessem fazer.. quando você parte para o desempenho do tradicional papel heterossexual masculino.. a coisa pode engrossar, digo, secar.