domingo, 3 de abril de 2016

- “a lambada é passageira: só o rock é eterno”! – escrevera o genial angeli lá pelos idos de 1988, em meio ao fenômeno das reboladas e “cabeladas” do grupo kaoma. Sempre desconfiei e torci por uma resposta que para mim era óbvia, mas sempre me perguntei, no fundo: teria o cartunista razão? apesar de big brother, waleska popozuda, wesley safadão e tantos outros cânceres culturais da atualidade, tive uma prazerosa e surpreendente indicação de que o cartunista estava certo.. hoje fui ao aniversário de uma colega de trabalho e de seu filho (sim, nasceram no mesmo dia) de 18 anos, recém-aprovado no vestibular na universidade federal do maranhão. Celebraram num delicioso picknick no gramado interno de uma superquadra de Brasília, cuja ocupação é tão demandada e celebrada nos dias atuais. A tal ocupação otimizada e organizada de espaços públicos. Pois bem. havia comidinhas, biritinhas, amigos, colegas e amigos de amigos. após cerca de duas horas, os colegas e amigos de guto conseguiram concluir a ligação elétrica que viabilizaria o amplificador para as apresentações musicais. Ou, como se queira qualificar a tentativa de produzir algo semelhante ao que se convenciona chamar de.. música. Pouco importa. O marco histórico da apresentação da galerinha de guto – meninos e meninas cheios de espinhas, êxitos, insucessos e a inocência típica e quem tem a vida inteira pela frente, o mais importante – era a celebração musical que nos proporcionaram, mesmo sem saber o que estavam fazendo. Vários jovens revezaram-se por cerca de uma hora no microfone e, pasmem!! nada das merdas citadas no começo do texto. Não foi a melhor apresentação que vi na vida - aliás, foi uma das menos profissionais, mais barulhentas, distorcidas e confusas, mas encerrou o domingo como meu Woodstock particular. Tocaram clássicos mais recentes do rock como pixies, REM e radiohead, mas também destilaram uma sequência de coisas-rock menos celebradas, como 4-non blondes e divinyls. Foi sublime escutar where’s my mind cantada por meninos magricelas e desajeitados, com timbres de voz ainda em formação, mas com a mesma paixão que deve ter estimulado frank black no primero acorde. Igualmente inesquecível foi escutar creep interpretada por uma menina que deve ter “virado mocinha” dia desses, com paixão e transe comparáveis aos do próprio thom yorke. Sim, o mundo mudou e está pior. Mas também não há motivo para pânico generalizado. Nem sei se a lambada acabou mesmo. deve ter “evoluído” para alguma baianidade esquisito-chula, do tipo dança da tartaruga. Ou para algum funk lixo-deprê, tão comum e difundido hoje em dia. Após o espetáculo, ficou a desconfiança de que angeli estava mesmo certo.. tomara.

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