segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Grigori Yakovlevich Perelman ou, o anti-pop. a retomada é sempre complicada, seja de uma bola perdida, de um rumo errado na vida, da estabilidade romântica ou.. de um blog. a Conjectura de Poincaré é um dos mais famosos problemas da Matemática em todos os tempos. Sou burro demais para tentar falar com propriedade sobre o tema, mas é algo como aprofundar o estudo de como as formas infinitas de um círculo circunsrito, limitado, podem ajudar a explicar abosutamente qualquer coisa. De acordo com a “Conjectura de Poincaré” ou, como conheci: a “Hipótese de Poincaré”, todo o espaço tridimensional fechado "sem buracos" tem uma forma essencialmente esférica. Formulada no início do século XX pelo grande matemático francês Henri Poincaré – também um dos principais artífices da Teoria da Relatividade – esta Conjectura permaneceu um problema em aberto durante cerca de cem anos. Até que, no final de 2003, o matemático russo Gregori Perelman começou a publicar na internet uma série de artigos científicos que contêm a solução proposta para o problema. durante o século XX, a Conjectura de Poincaré foi um foco motivador para avanços notáveis na geometria e na topologia. a sua história, antes e depois da sua resolução, está recheada de personagens interessantes e episódios rocambolescos, que atraíram a atenção dos meios de comunicação mundial e do público em geral. mas o que mais me fascinou foi a própria história de Perelman: seu perfil, genialidade e esquisitice: o cara era a antítese da figurinha repetida, do “arroz de festa”, um “anti-facebook” nato. Por isso, também, sempre teve meu respeito. perelman pode parecer, em princípio, feito de carne e osso e é pouco mais velho do que eu: nasceu em são petersburgo em 13/6/1966, mas as semelhanças são mais frágeis que as “respostas sopradas ao vento” de bob dylan.. o matemático russo provou, em 1994, a “conjectura da alma”; segundo a qual pode-se deduzir as propriedades de um objeto matemático a partir de pequenas regiões desse objeto, chamadas de “alma”. graças ao feito, perelman foi convidado a ingressar em diversos grupos de estudo de muitas universidades prestigiadas dos estados unidos, incluindo princeton e stanford. sonho de consumo? talvez para a maioria, mas não para perelman. ele rejeitou todas as ofertas e voltou para o Instituto de Steklov, em São Petersburgo, no verão de 1995 para assumir um modesto cargo de pesquisa. em sua temporada nos EUA declarou: “ganhei dinheiro suficiente para viver bem”. a hipótese de Poincaré foi incluída na lista dos sete problemas matemáticos do milênio, cuja resolução seria premiada com U$ 1 milhão pelo Instituto Clay de Matemáticas de Massachusetts, nos EUA. em 1982, o matemático richard hamilton havia publicado um artigo sobre uma equação chamada “fluxo de Ricci”, com a qual suspeitava ser possível comprovar a conjectura de Poincaré. mas a tarefa era extremamente técnica e sua execução, complicada. após assistir algumas de suas palestras, Perelman lhe disse ter feito um estudo que poderia ajudá-lo nesses obstáculos. Hamilton, porém, não lhe deu muita atenção. Então ele acabou trabalhando sozinho, e em 2002 publicou o resultado de seus esforços. era a primeira de três partes de um artigo com o intrincado título “A fórmula de entropia para o fluxo de Ricci e suas aplicações geométricas”. O texto tinha 39 páginas e era assinado por ele. embora o artigo sequer citasse Poincaré, quatro anos mais tarde surgiu o consenso de que Perelman havia, de fato, solucionado a famosa conjectura. duas equipes de especialistas se debruçaram sobre seu artigo para confirmar que não havia brechas ou erros, e a partir disso produziram estudos de centenas de páginas. mais de um século de tentativas frustradas, e a hipótese de um matemático brilhante havia sido comprovada por outro matemático igualmente brilhante. com a descoberta, perelman recebeu uma chuva de ofertas – prêmios, cargos, honras, pagamentos em dinheiro, convites para conferências e fundos de pesquisa, as quais considerou, segundo relatos, profundamente ofensivas.“A monetização do êxito é o máximo insulto à matemática”, afirmou. como não ser seu fã?! na sequência, rejeitou: a medalha Fields, equivalente matemático a um prêmio Nobel, por “suas contribuições à geometria e suas ideias revolucionárias”; um prêmio da Sociedade Matemática Europeia; o milhão de dólares que o Instituto Clay queria entregá-lo por solucionar um dos problemas do milênio. Perelman resumia-se a afirmar que se a teoria estava correta, não necessitava de outro tipo de reconhecimento. ele logo deixou de falar com a imprensa; anunciou que pretendia abandonar a profissão e se aposentou para viver com sua mãe em um modesto apartamento. “não me interessa o dinheiro ou a fama. não quero estar em exibição como um animal em um zoológico”, disse certa vez. suspeito que o sujeito sofresse de uma mistura de asperger, psicose e agorafobia. a comunidade científica lamentou por seu afastamento repentino. que vontade de trocar uma ideia com esse rapaz, enquanto saboreamos um sbiten*!!