experimentei, há cerca de quatro ou cinco anos, a reflexão: seria possível – para um fóbico como eu dividir o mesmo teto? a experiência amorosa que comecei a viver confirmou que sim. é possível aprender e ensinar marital e paternalmente. e tem mais: não há preço para isso. o mesmo teto vale a pena, tanto quanto respirar, beber água, viajar, gargalhar e tomar banho no mês de setembro, em Brasília. se houver amor franco e saudável, correspondido, vale ainda mais. confuso, com a asa ainda machucada, me pergunto: é possível vivenciar o mesmo com amigos? mais: com quase-desconhecidos? ainda não tenho resposta, mas devo apostar em breve.
passei de super-tímido a super-louco a super-irresponsável a super-chato a super-maduro a super velho. hoje sou menos super-confuso. quando se vive de peito aberto, o risco de sofrimento é maior, mas a verdade é sublime e a vida pode ser bem legal. dúvidas fazem parte dela e é bom que façam. crises, idem. mas, voltando à vaca fria: acalmar e reaproximar-me do sol tal qual o homem-pássaro ou apostar no [meio]desconhecido?
sempre respeitei a amizade e acho que a sociedade contemporânea supervaloriza a paixão. é foda conferir tanto valor a um sentimento que faz mais sentido quando morto, para dar lugar ao que realmente perdura e importa. a amizade é diferente: pode ser igualmente arrebatadora e confusa, mas não nos tira os dois pés do chão. proporciona a troca de experiências de maneira mais justa e equilibrada. apesar do risco da assimetria na doação, o intercâmbio é mais fácil na amizade.
lembro-me de sofia coppola e seu delicioso lost in translation; em português, “encontros e desencontros”. considero o filme uma ode aos encontros. a vida já nos bombardeia com desencontros. falta entender os “reencontros”. quando românticos, são legais; mas quando gostosos, divertidos, instigantes e verdadeiros, são memoráveis. eu já não acreditava nisso, mas talvez esteja vivendo um encontro na amizade. se os mestres dizem que está tudo escrito, não seria um reencontro? o tempo deve dar seu veredicto.
bom, o momento de decidir aproxima-se e inclino-me a arriscar. afinal, encontros marcantes são raros e valem a pena.
reflexões, besteiras e confissões - contribuições em geral para o entendimento do macho contemporâneo.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
terça-feira, 31 de agosto de 2010
beautiful girls
ontem veio o diagnóstico esquisito: pneumonia. foda, nunca me imaginei com pneumonia. passo seguinte: repouso total. xaropes, antitérmicos e, claro, antibióticos. detesto antibióticos. detesto remédios não-naturais. corpo destruído, sem conseguir sequer me sentar na cama, peso no que fazer. ler é uma opção. filmes também. escrever, talvez. vamos por partes. decidi aproveitar o tempo para retomar um pouco do blog e fazer justiça a alguns filmes e estórias pouco celebrados. coisas ‘lado B’ mesmo. criei então os insights da cama.
o primeiro capítulo refere-se a beautiful girls [1995], de ted demme, delicioso filme sobre uma high school reunion [dez anos de término da escola] numa cidadezinha fria dos estados unidos. o que esperar? o de sempre: velhos conflitos revistos, amizades e inimizades questionadas, novos amores, desesperança, conformidade. por que esse é legal? por vários motivos. tem mais do mesmo. a gordinha recalcada brava. o inseguro que ainda mantém o quarto cheio de posters da playboy e critica todas as mulheres da vida real. a safada de caráter questionável que se casou mas não terminou o romance com um matt dillon que era o heroi da escola e hoje é apenas o fracassado dono de um serviço de limpeza de neve. há a namoradinha oficial de Dillon – mira sorvino em começo de carreira, bem apagadinha. claro que há também o casal referência de tranquilidade, com filhinhos bonitos e ambições há muito esquecidas.
além de tudo isso a película também tem timothy hutton ótimo no papel de willy, pianista meio líder-cerebral-ponto-de-equilíbrio-ainda-que-outsider. fio condutor do filme e referência da turma, toca por trocados em bares de chicago. charmoso, o cara tem o previsível medo masculino de comprometimento – tem uma namorada séria que ficou na cidade grande. willy volta à cidadezinha para o reencontro. hospedado com o pai e o irmão caçula, ele desenvolve uma bela [ok, deturpada e pedófila para uns..] relação com a vizinha de treze anos, marty: ninguém menos que natalie portman. já não criança, maravilhosa, sedutora, atrapalhada. marty apaixona-se por willy. nabokov? não nesse caso. ele até que fica confuso pela admiração dela [o que é sutilmente revelado em belas cenas], mas em nenhum momento a fronteira do bom senso é ultrapassada e a menina não controla a relação; ela não controla nem suas reações: a menina se apaixona pelo pianista. o diálogo do parque de patinação sobre winnie the poo é fantástico.
a relação que os dois desenvolvem é puro lirismo, não-óbvia, sedutora. a inocência da menina é um dos temperos mais charmosos da relação, e contrasta com a intranquilidade e a falta de jeito de willy, que tenta convencê-la de que nada poderia acontecer entre eles. ela pede a ele que a espere até os 18 anos. o diálogo é memorável. quando sua namorada junta-se ao grupo ele a apresenta para a menina. a cena é das mais charmosas e tocantes do filme.
no final, a cidadezinha retoma a rotina e willy retorna a chicago. um dos amigos do pianista certa hora diz que se ele voltar sabe exatamente onde encontrar todos – nada muda por aqui. nada quase nunca muda.
o primeiro capítulo refere-se a beautiful girls [1995], de ted demme, delicioso filme sobre uma high school reunion [dez anos de término da escola] numa cidadezinha fria dos estados unidos. o que esperar? o de sempre: velhos conflitos revistos, amizades e inimizades questionadas, novos amores, desesperança, conformidade. por que esse é legal? por vários motivos. tem mais do mesmo. a gordinha recalcada brava. o inseguro que ainda mantém o quarto cheio de posters da playboy e critica todas as mulheres da vida real. a safada de caráter questionável que se casou mas não terminou o romance com um matt dillon que era o heroi da escola e hoje é apenas o fracassado dono de um serviço de limpeza de neve. há a namoradinha oficial de Dillon – mira sorvino em começo de carreira, bem apagadinha. claro que há também o casal referência de tranquilidade, com filhinhos bonitos e ambições há muito esquecidas.
além de tudo isso a película também tem timothy hutton ótimo no papel de willy, pianista meio líder-cerebral-ponto-de-equilíbrio-ainda-que-outsider. fio condutor do filme e referência da turma, toca por trocados em bares de chicago. charmoso, o cara tem o previsível medo masculino de comprometimento – tem uma namorada séria que ficou na cidade grande. willy volta à cidadezinha para o reencontro. hospedado com o pai e o irmão caçula, ele desenvolve uma bela [ok, deturpada e pedófila para uns..] relação com a vizinha de treze anos, marty: ninguém menos que natalie portman. já não criança, maravilhosa, sedutora, atrapalhada. marty apaixona-se por willy. nabokov? não nesse caso. ele até que fica confuso pela admiração dela [o que é sutilmente revelado em belas cenas], mas em nenhum momento a fronteira do bom senso é ultrapassada e a menina não controla a relação; ela não controla nem suas reações: a menina se apaixona pelo pianista. o diálogo do parque de patinação sobre winnie the poo é fantástico.
a relação que os dois desenvolvem é puro lirismo, não-óbvia, sedutora. a inocência da menina é um dos temperos mais charmosos da relação, e contrasta com a intranquilidade e a falta de jeito de willy, que tenta convencê-la de que nada poderia acontecer entre eles. ela pede a ele que a espere até os 18 anos. o diálogo é memorável. quando sua namorada junta-se ao grupo ele a apresenta para a menina. a cena é das mais charmosas e tocantes do filme.
no final, a cidadezinha retoma a rotina e willy retorna a chicago. um dos amigos do pianista certa hora diz que se ele voltar sabe exatamente onde encontrar todos – nada muda por aqui. nada quase nunca muda.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
ódio no coração. ou, ai que saudade do talher de prata!!
sou fascinado pelo filme falling down. sempre fui instigado pelo questionamento: pode um homem normal, ou melhor, comum no sentido de ordinary, dar vazão ao stress, ao ódio e à irritação acumulados em pequenas situações cotidianas, por meio de uma explosão de fúria e insanidade? parecia difícil acreditar, até joel schumacher [sempre ele] conseguir compactar essa hipótese e convertê-la num grande filme. até aí, tudo bem:
- é arte mesmo! só que hoje, 30 de abril de 2010, comprovei na carne a proximidade delicada desse limite. não quero concordância e nem compreensão. preciso apenas escrever para não ir amanhã cedo à feira do rolo comprar uma pistola.. ilustremos.
capítulo 1.
ontem [29/4] recebo uma correspondência da american express, informando a suspensão do meu cartão, devido à não quitação de um débito há mais de 30 dias. apesar de não ter essa fatura no débito automático, nunca me esqueço de pagar contas: não brinco com dinheiro, especialmente sem ganhar salário há meses.
- estranho, pensei. mas quando voltei para casa, procurei a última fatura e.. pimba! tava lá, comprovante de pagamento e tudo.
- estranho, pensei de novo. ligo hoje cedo e sou informado de que o débito [172 reais] refere-se a uma fatura em aberto [não paga] do meu cartão anterior, de dezembro de 2009. naquele mês, recebi um novo cartão, como prêmio pela boa relação que tenho com a empresa [sic] – subi de nível.. ok. calma. ligo para central e escuto da mocinha que eu deveria ter ligado e cancelado o cartão anterior e que a correspondência de envio deveria ter mencionado isso. deveria, note bem. por uma confluência de júpiter com saturno, procuro em meus arquivos e lá estava a tal carta de envio. nada [note bem, nada] referia-se à necessidade de cancelamento do cartão anterior. pelo contrário, mencionava um upgrade em meu status – mais ou menos como se a TAM não cancelasse o fidelidade branco, depois que se recebe o azul. a mocinha pede desculpas. solicito a ela, então, que me envie uma nova lâmina e confirmo meu e-mail.
- não é possível, senhor. posso lhe passar um código de barras e o senhor comparece a uma agência do bradesco e efetua o pagamento.
- bradesco? só é possível assim?? Não tenho acesso a esse banco.
- sim senhor.
- então cancele meu cartão, minha jovem.
- qual deles, senhor?
- ambos. quero dizer, os dois! outra coisa: nunca mais quero receber ofertas, ligações, sequer folders da amex. isso está claro?
- sim, senhor.
capítulo 2.
há cerca de um mês entrei em contato com a TIM, pois como estou com um aparelho emprestado e fora de fidelização, decidi adquirir um novo.
- o que devo fazer? - perguntei.
- basta o senhor atualizar seu cadastro e isso gerará automaticamente o desconto para aquisição de um aparelho novo.
- preciso ir a uma loja fazer isso?
- não, o desconto só é gerado pelo *144. o sistema [adoro esse termo] leva três dias para liberar, depois de reconhecer sua atualização de cadastro. engraçado o termo ‘atualização’.. sou cliente há nove aos!!.
mais de vinte dias e oito protocolos depois, obviamente não consegui nada. acordei hoje decidido:
- vou resolver e não vou esperar mais. liguei, por desencargo de consciência, para o atendimento e me confirmaram que o sistema ainda não havia liberado o desconto. para encurtar, solicitei o cancelamento de minha linha e o fim de uma longa relação. Senti-me livre como poucas vezes. freedom is a blessing, já diria meu amigo matias.
ponderei e me dirigi a uma loja da vivo: seria minha nova operadora. depois de alguns instantes de papo com a mocinha, ela mostra vários aparelhos de última geração que te trazem até rivotril com um copo d’água. animei-me.
- só tem uma coisa, senhor. no momento, estamos sem disponibilidades de aparelhos sony [minha preferência] ou nokia. mas como seu telefone está ativo e fora de fidelização, o senhor pode adquirir a linha – sem fidelização e usar o chip vivo nela. quando tivermos mais opções de aparelho, entro em contato, o senhor escolhe e se fideliza.
- parece fazer sentido. tudo bem, topei. vamos fazer o contrato. mocinha passando pra lá, pra cá, subindo escada, acabamos o procedimento.
- ah, mas tem um problema. vejo que o seu chip é bloqueado.
- hã?
- é, bloqueado. mas tudo o que precisa fazer é ir ali ao lado, na loja da TIM, e pedir para fazerem isso.
eu já estava achando um absurdo, sem almoço, sem água, sem saco. mas topei. fui à loja da TIM, empresa da qual fui cliente, como já mencionado, por nove anos.
- boa tarde, meu jovem. você poderia, por favor, desbloquear meu telefone, da TIM?
- senhor, preciso da nota fiscal.
- nota fiscal?!! tipocomoassim?! meu anterior quebrou e minha mãe me emprestou esse, que como você pode ver, é antigo.
- de qualquer forma, precisamos da nota.
- ....
volto à loja da vivo, explico a situação e digo que por isso, temos de desfazer o contrato.
- o sistema não permite, senhor.
- ... mas minha jovem, esse contrato nem foi ativo e eu nem usei a linha!!!!!!
- mas o sistema..
dou as costas para a mocinha. sento-me no chão da loja, posição de lótus e as lágrimas começam a escorrer. naquela hora, assumo que meu coração estava muito cheio de ódio.
pra quem até pouco tempo tinha de usar fresh tears para produzir lágrimas, ando um chorão! foi ótimo, pois senti a ira escorrendo junto.
aí um segurança aproxima-se e pergunta:
- o senhor está se sentindo mal? quer uma água?
- não, meu jovem. nada além de muito ódio no coração. meu dia não está fácil.
- que gentil, pensei. mas daí ele volta e dispara:
- é que o senhor não pode sentar-se aqui no chão. terá de sair da loja
- hein?? acontece de estou protestando. deixe-me em paz.
o cara foi realmente educado e me convenceu a protestar numa cadeira. sentado ali, com fome, sede e muito [mais] ódio no coração, tive muita saudade de 1988. naquela época, as comissárias de bordo chamavam-se aeromoças, eram lindas e nos serviam em talheres de prata. os telefones fixos eram caros e pouco eficientes, mas não me lembro de ninguém sentir ódio da tele-isso ou tele-aquilo.. isso não era um issue.
fiquei ali, quietinho, olhando as pessoas horrorosas do conjunto nacional. deu sono.
- putz, ainda tenho de trabalhar! fica para outro dia o capítulo três, sobre minha conversa com a golden cross.
- é arte mesmo! só que hoje, 30 de abril de 2010, comprovei na carne a proximidade delicada desse limite. não quero concordância e nem compreensão. preciso apenas escrever para não ir amanhã cedo à feira do rolo comprar uma pistola.. ilustremos.
capítulo 1.
ontem [29/4] recebo uma correspondência da american express, informando a suspensão do meu cartão, devido à não quitação de um débito há mais de 30 dias. apesar de não ter essa fatura no débito automático, nunca me esqueço de pagar contas: não brinco com dinheiro, especialmente sem ganhar salário há meses.
- estranho, pensei. mas quando voltei para casa, procurei a última fatura e.. pimba! tava lá, comprovante de pagamento e tudo.
- estranho, pensei de novo. ligo hoje cedo e sou informado de que o débito [172 reais] refere-se a uma fatura em aberto [não paga] do meu cartão anterior, de dezembro de 2009. naquele mês, recebi um novo cartão, como prêmio pela boa relação que tenho com a empresa [sic] – subi de nível.. ok. calma. ligo para central e escuto da mocinha que eu deveria ter ligado e cancelado o cartão anterior e que a correspondência de envio deveria ter mencionado isso. deveria, note bem. por uma confluência de júpiter com saturno, procuro em meus arquivos e lá estava a tal carta de envio. nada [note bem, nada] referia-se à necessidade de cancelamento do cartão anterior. pelo contrário, mencionava um upgrade em meu status – mais ou menos como se a TAM não cancelasse o fidelidade branco, depois que se recebe o azul. a mocinha pede desculpas. solicito a ela, então, que me envie uma nova lâmina e confirmo meu e-mail.
- não é possível, senhor. posso lhe passar um código de barras e o senhor comparece a uma agência do bradesco e efetua o pagamento.
- bradesco? só é possível assim?? Não tenho acesso a esse banco.
- sim senhor.
- então cancele meu cartão, minha jovem.
- qual deles, senhor?
- ambos. quero dizer, os dois! outra coisa: nunca mais quero receber ofertas, ligações, sequer folders da amex. isso está claro?
- sim, senhor.
capítulo 2.
há cerca de um mês entrei em contato com a TIM, pois como estou com um aparelho emprestado e fora de fidelização, decidi adquirir um novo.
- o que devo fazer? - perguntei.
- basta o senhor atualizar seu cadastro e isso gerará automaticamente o desconto para aquisição de um aparelho novo.
- preciso ir a uma loja fazer isso?
- não, o desconto só é gerado pelo *144. o sistema [adoro esse termo] leva três dias para liberar, depois de reconhecer sua atualização de cadastro. engraçado o termo ‘atualização’.. sou cliente há nove aos!!.
mais de vinte dias e oito protocolos depois, obviamente não consegui nada. acordei hoje decidido:
- vou resolver e não vou esperar mais. liguei, por desencargo de consciência, para o atendimento e me confirmaram que o sistema ainda não havia liberado o desconto. para encurtar, solicitei o cancelamento de minha linha e o fim de uma longa relação. Senti-me livre como poucas vezes. freedom is a blessing, já diria meu amigo matias.
ponderei e me dirigi a uma loja da vivo: seria minha nova operadora. depois de alguns instantes de papo com a mocinha, ela mostra vários aparelhos de última geração que te trazem até rivotril com um copo d’água. animei-me.
- só tem uma coisa, senhor. no momento, estamos sem disponibilidades de aparelhos sony [minha preferência] ou nokia. mas como seu telefone está ativo e fora de fidelização, o senhor pode adquirir a linha – sem fidelização e usar o chip vivo nela. quando tivermos mais opções de aparelho, entro em contato, o senhor escolhe e se fideliza.
- parece fazer sentido. tudo bem, topei. vamos fazer o contrato. mocinha passando pra lá, pra cá, subindo escada, acabamos o procedimento.
- ah, mas tem um problema. vejo que o seu chip é bloqueado.
- hã?
- é, bloqueado. mas tudo o que precisa fazer é ir ali ao lado, na loja da TIM, e pedir para fazerem isso.
eu já estava achando um absurdo, sem almoço, sem água, sem saco. mas topei. fui à loja da TIM, empresa da qual fui cliente, como já mencionado, por nove anos.
- boa tarde, meu jovem. você poderia, por favor, desbloquear meu telefone, da TIM?
- senhor, preciso da nota fiscal.
- nota fiscal?!! tipocomoassim?! meu anterior quebrou e minha mãe me emprestou esse, que como você pode ver, é antigo.
- de qualquer forma, precisamos da nota.
- ....
volto à loja da vivo, explico a situação e digo que por isso, temos de desfazer o contrato.
- o sistema não permite, senhor.
- ... mas minha jovem, esse contrato nem foi ativo e eu nem usei a linha!!!!!!
- mas o sistema..
dou as costas para a mocinha. sento-me no chão da loja, posição de lótus e as lágrimas começam a escorrer. naquela hora, assumo que meu coração estava muito cheio de ódio.
pra quem até pouco tempo tinha de usar fresh tears para produzir lágrimas, ando um chorão! foi ótimo, pois senti a ira escorrendo junto.
aí um segurança aproxima-se e pergunta:
- o senhor está se sentindo mal? quer uma água?
- não, meu jovem. nada além de muito ódio no coração. meu dia não está fácil.
- que gentil, pensei. mas daí ele volta e dispara:
- é que o senhor não pode sentar-se aqui no chão. terá de sair da loja
- hein?? acontece de estou protestando. deixe-me em paz.
o cara foi realmente educado e me convenceu a protestar numa cadeira. sentado ali, com fome, sede e muito [mais] ódio no coração, tive muita saudade de 1988. naquela época, as comissárias de bordo chamavam-se aeromoças, eram lindas e nos serviam em talheres de prata. os telefones fixos eram caros e pouco eficientes, mas não me lembro de ninguém sentir ódio da tele-isso ou tele-aquilo.. isso não era um issue.
fiquei ali, quietinho, olhando as pessoas horrorosas do conjunto nacional. deu sono.
- putz, ainda tenho de trabalhar! fica para outro dia o capítulo três, sobre minha conversa com a golden cross.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
os nacionais. de novo.
hoje recebi de presente o mais novo disco [Cd?] do the national. impressionante minha capacidade de não-inovação musical. assumo toda a minha resistência a mudanças e meu fechamento a novas descobertas, pelo menos atualmente. viva o show de 2008 no rio de janeiro. ótimas as novas músicas. post sem propósito. dia esquisito. gripe.
sábado, 13 de março de 2010
i know.
sempre gostei de cinema. e sempre fui atraído por um aspecto peculiar dos filmes: seu final. a boa safra cinematográfica de 2005 produziu uma obra-prima, before sunset, para mim um filme com final digno de registro. já mencionei a película algumas vezes, mas estive outro dia discutindo o encerramento de filmes e acabei revendo “antes do antardecer”. chegou a hora de render-lhe nova homenagem, particularmente, à sequência final.
pensando sobre finais de filmes, me lembro, sem muito esforço, da breguice encantadora do final de dead poet society, da emoção da sequência final de cinema paradiso, mesmo do final politicamente correto de it’s a wonderful life. mas o “não-encerramento” de before sunset parece imbatível. a economia de palavras entre os protagonistas, após 80 minutos de quase-verborragia, culmina em sedução refinada entre os dois. o diretor richard linklater atingiu a maturidade estilística num filme para adultos, sobre crises, frustrações, sentimentos e anseios adultos. complemento perfeito para a primeira parte da sequência [before sunrise, 1994], que refletia as instabilidades, as besteiras e as confusões mentais típicas dos 22 anos.
a opção do diretor por planos bem longos, pouquíssimos cortes, e pela ambientação informal num passeio por ruelas de paris, foi acertada. linklater cria, assim, identificação imediata com o público. poderia ser uma revisão/discussão de relação no mercado do peixe de salvador, na rua do rosário [centro do rio de janeiro], ou mesmo no CCBB de brasília, numa tarde de céu vermelho. foi inspiração clara, dentre outros, para o delicioso .apenas o fim. [2008] de matheus souza.
em before sunset, o diretor cria uma atmosfera de crescente sensualidade e instiga a curiosidade do público sobre o que teria acontecido dez anos antes, entre jess e celine, personagens de ethan hawke e julie delpy. A conclusão da história começa a ser desenhada quando celine vai ao encontro do jovem, agora com 32 anos, na Shakespeare&Co. em paris, no lançamento do livro que jesse escrevera sobre sua viagem a viena, exatemente quando os dois viveram uma noite de encantamento e paixão arrebatadora. eles marcam um encontro para seis meses depois. obviamente, ele não se concretiza: quando se tem 22 anos, achamos que muitas pessoas especiais passarão pela nossa vida..
desde a livraria, o expectador é provocado a refletir sobre a relação dos dois. o que teria acontecido nove anos antes? teriam eles se encontrado? foi uma paixão de verão, ou um amor verdadeiro? a primeira pista é dada quando jesse pergunta se ela havia comparecido ao encontro, marcado de forma tão descompromissada.
- no, of course not – é a reposta taxativa de celine. mas à medida que a conversa flui, o encantamento mútuo revela-se apenas latente, não acabado. dez anos passaram-se, mas a simbiose era a mesma e o quebra cabeça da paixão de ambos havia apenas perdido uma peça, um pequeno elo que inviabilizou a continuidade. jesse está um pouco envelhecido [hawke fuma pra caralho], mas “little cross-eyed” celine não mudou quase nada. as aparências são frágeis e em uma sequência eletrizante, ele confessa que seu casamento é falido e ela cospe dez anos de frustrações e infelicidades pessoais. a vida não é tão bela como parece. e daí?
o filme é rápido e bem montado. a sedução aumenta e o climax parece ainda mais incerto. até jesse acompanhar celine ao seu apartamento. lá, mais sedução. sem nenhum dos clichés que Hollywood vomita diariamente, linklater constrói uma atmosfera infalível para revelar o final de sua história: paris. nina simone. revelações. celine protagoniza uma dança contida, mas com muito charme. E dispara:
- babe, you’re gonna miss that plane [jesse pegaria um voo de volta a nova iorque em instantes].
- I know – responde ele. certo. a escolha foi feita e o desfecho, perfeito. ‘quandos’, ‘comos’, ‘ondes’ e ‘porquês’ podem ficar para uma eventual sequência..
[para sofia, marcelo e daniel, companheiros de filme, viagens, crises e caipiroskas naquela tarde de 2005]
pensando sobre finais de filmes, me lembro, sem muito esforço, da breguice encantadora do final de dead poet society, da emoção da sequência final de cinema paradiso, mesmo do final politicamente correto de it’s a wonderful life. mas o “não-encerramento” de before sunset parece imbatível. a economia de palavras entre os protagonistas, após 80 minutos de quase-verborragia, culmina em sedução refinada entre os dois. o diretor richard linklater atingiu a maturidade estilística num filme para adultos, sobre crises, frustrações, sentimentos e anseios adultos. complemento perfeito para a primeira parte da sequência [before sunrise, 1994], que refletia as instabilidades, as besteiras e as confusões mentais típicas dos 22 anos.
a opção do diretor por planos bem longos, pouquíssimos cortes, e pela ambientação informal num passeio por ruelas de paris, foi acertada. linklater cria, assim, identificação imediata com o público. poderia ser uma revisão/discussão de relação no mercado do peixe de salvador, na rua do rosário [centro do rio de janeiro], ou mesmo no CCBB de brasília, numa tarde de céu vermelho. foi inspiração clara, dentre outros, para o delicioso .apenas o fim. [2008] de matheus souza.
em before sunset, o diretor cria uma atmosfera de crescente sensualidade e instiga a curiosidade do público sobre o que teria acontecido dez anos antes, entre jess e celine, personagens de ethan hawke e julie delpy. A conclusão da história começa a ser desenhada quando celine vai ao encontro do jovem, agora com 32 anos, na Shakespeare&Co. em paris, no lançamento do livro que jesse escrevera sobre sua viagem a viena, exatemente quando os dois viveram uma noite de encantamento e paixão arrebatadora. eles marcam um encontro para seis meses depois. obviamente, ele não se concretiza: quando se tem 22 anos, achamos que muitas pessoas especiais passarão pela nossa vida..
desde a livraria, o expectador é provocado a refletir sobre a relação dos dois. o que teria acontecido nove anos antes? teriam eles se encontrado? foi uma paixão de verão, ou um amor verdadeiro? a primeira pista é dada quando jesse pergunta se ela havia comparecido ao encontro, marcado de forma tão descompromissada.
- no, of course not – é a reposta taxativa de celine. mas à medida que a conversa flui, o encantamento mútuo revela-se apenas latente, não acabado. dez anos passaram-se, mas a simbiose era a mesma e o quebra cabeça da paixão de ambos havia apenas perdido uma peça, um pequeno elo que inviabilizou a continuidade. jesse está um pouco envelhecido [hawke fuma pra caralho], mas “little cross-eyed” celine não mudou quase nada. as aparências são frágeis e em uma sequência eletrizante, ele confessa que seu casamento é falido e ela cospe dez anos de frustrações e infelicidades pessoais. a vida não é tão bela como parece. e daí?
o filme é rápido e bem montado. a sedução aumenta e o climax parece ainda mais incerto. até jesse acompanhar celine ao seu apartamento. lá, mais sedução. sem nenhum dos clichés que Hollywood vomita diariamente, linklater constrói uma atmosfera infalível para revelar o final de sua história: paris. nina simone. revelações. celine protagoniza uma dança contida, mas com muito charme. E dispara:
- babe, you’re gonna miss that plane [jesse pegaria um voo de volta a nova iorque em instantes].
- I know – responde ele. certo. a escolha foi feita e o desfecho, perfeito. ‘quandos’, ‘comos’, ‘ondes’ e ‘porquês’ podem ficar para uma eventual sequência..
[para sofia, marcelo e daniel, companheiros de filme, viagens, crises e caipiroskas naquela tarde de 2005]
domingo, 7 de fevereiro de 2010
a dois
insigths sobre a vida a dois..
1. sem concessões não há nem começo;
2. aprendizado. eterno.
3. redefinição de limites;
4. o domingo pode ser bom. e muito;
5. planos;
6. diferenças não são trágicas;
7. recuar para avançar;
8. divisão. de tarefas, de planos, de problemas, de soluções, de viagens, de paixão..
9. dormir junto: ótimo;
10. acordar junto: sensacional;
11. transformar a rotina em algo fantástico;
1. sem concessões não há nem começo;
2. aprendizado. eterno.
3. redefinição de limites;
4. o domingo pode ser bom. e muito;
5. planos;
6. diferenças não são trágicas;
7. recuar para avançar;
8. divisão. de tarefas, de planos, de problemas, de soluções, de viagens, de paixão..
9. dormir junto: ótimo;
10. acordar junto: sensacional;
11. transformar a rotina em algo fantástico;
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
agora eu sei
este seria apenas mais um post bissextamente em meu blog, fruto de uma insonia clássica, e de calor irritante em bsb, não fosse por um detalhe: há algo diferente em meu dedo [não sei o nome ao certo] da mão direita. um anel. uma aliança, para ser mais preciso, mais exato. o que aconteceu? em quee momento de minha história pessoal dei chance à união estável? posso creditar a mudança holística à mudança de volta a Bsb. na verdade, tudo cambiou: mudei de cidade, de situação empregatícia, de status marital, de humor, de perspectiva.. só não estou jogando tenis, mas de resto, tudo novo.e aí reside o mote do post: mudanças são sempre mudanças: processos complicados, por vezes dolorosos, mas sempre excelentes oportunidades. afinal, um novo paradigma só emerge na krisis.. sempre me lembro disso da aulas de IMCS.
voltando à vaca fria, a parte que me compete nessa gleba literária refere-se à mudança de meu status marital. apostar, finalmente, em uma relação mais madura, mais séria, por acreditar que finalmente encontrei uma mulher em quem acreditio valer a pena apostar. ainda não sei se acredito em alma gemea mas encontrei, sim, uma companheira. a companheira que imaginava e desconfiava existir. a mulher que nunca pensei em conceituar assim, mas que idealizei conscientemente e cuja existencia meu inconsciente negou veementemente nos últimos anos. mas que aceito hoje sem maiores problemas. pontuo, finalmente, o final de minha adolecencia.
à minha mulher, carolina, dedico a segunda e melhor parte da minha vida. que essa fase tenha, realmente, começado hoje sem data para acabar.
voltando à vaca fria, a parte que me compete nessa gleba literária refere-se à mudança de meu status marital. apostar, finalmente, em uma relação mais madura, mais séria, por acreditar que finalmente encontrei uma mulher em quem acreditio valer a pena apostar. ainda não sei se acredito em alma gemea mas encontrei, sim, uma companheira. a companheira que imaginava e desconfiava existir. a mulher que nunca pensei em conceituar assim, mas que idealizei conscientemente e cuja existencia meu inconsciente negou veementemente nos últimos anos. mas que aceito hoje sem maiores problemas. pontuo, finalmente, o final de minha adolecencia.
à minha mulher, carolina, dedico a segunda e melhor parte da minha vida. que essa fase tenha, realmente, começado hoje sem data para acabar.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
esperando por mim [renato russo]
Acho que você não percebeu
Que o meu sorriso era sincero
Sou tão cínico às vezes
O tempo todo
Estou tentando me defender
Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria
arrogância
Esperando por um pouco de afeição
Hoje não estava nada bem
Mas a tempestade me distrai
Gosto dos pingos de chuva
Dos relâmpagos e dos trovões
Hoje à tarde foi um dia bom
Saí prá caminhar com meu pai
Conversamos sobre coisas da vida
E tivemos um momento de paz
É de noite que tudo faz sentido
No silêncio eu não ouço meus gritos
E o que disserem
Meu pai sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Minha mãe sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Meus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim
E o que disserem
Agora meu filho espera por mim
Estamos vivendo
E o que disserem os nossos dias serão para sempre.
Que o meu sorriso era sincero
Sou tão cínico às vezes
O tempo todo
Estou tentando me defender
Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria
arrogância
Esperando por um pouco de afeição
Hoje não estava nada bem
Mas a tempestade me distrai
Gosto dos pingos de chuva
Dos relâmpagos e dos trovões
Hoje à tarde foi um dia bom
Saí prá caminhar com meu pai
Conversamos sobre coisas da vida
E tivemos um momento de paz
É de noite que tudo faz sentido
No silêncio eu não ouço meus gritos
E o que disserem
Meu pai sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Minha mãe sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Meus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim
E o que disserem
Agora meu filho espera por mim
Estamos vivendo
E o que disserem os nossos dias serão para sempre.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
2010
meu retorno a Bsb teve um efeito combinado peculiar, esquisito mesmo. por um lado, sinto-me preocupado com a falta de emprego, ainda que momentânea, com o fato de que tenho de me reacostumar com uma cidade que considero estranha - para usar termo cristão. por outro, embarquei definitivamente na fase adulta, bancando escolhas adultas, consequências maduras - e que podem afetar outras pessoas, e mais um capítulo de minha jornada pessoal. assumi um amor - e suas agregadas, convenci-me de que o tempo passou e isso não é, necesariamente, ruim. abri meu coração. relaxei. e aconteceu: descobri reciprocidade, cumplicidade e amizade num relação recheada de tesão e amadurecimento. vivas. o medo do futuro perdeu para a delícia do presente. e começou 2010. pelo menos para mim.
sábado, 19 de dezembro de 2009
society
[eddie vedder]
Oh, it's a mystery to me
We have a greed with which we have agreed
And you think you have to want more than you need
Until you have it all you won't be free
Society, you're a crazy breed
Hope you're not lonely without me...
When you want more than you have
You think you need...
And when you think more than you want
Your thoughts begin to bleed
I think I need to find a bigger place
Because when you have more than you think
You need more space
Society, you're a crazy breed
Hope you're not lonely without me...
Society, crazy indeed
Hope you're not lonely without me...
There's those thinking, more is less, less is more
But if less is more, how you keeping score?
Means for every point you make, your level drops
Kinda like you're starting from the top
You can't do that...
Society, you're a crazy breed
Hope you're not lonely without me...
Society, crazy indeed
Hope you're not lonely without me...
Society, have mercy on me
Hope you're not angry if I disagree...
Society, crazy indeed
Hope you're not lonely without me...
Oh, it's a mystery to me
We have a greed with which we have agreed
And you think you have to want more than you need
Until you have it all you won't be free
Society, you're a crazy breed
Hope you're not lonely without me...
When you want more than you have
You think you need...
And when you think more than you want
Your thoughts begin to bleed
I think I need to find a bigger place
Because when you have more than you think
You need more space
Society, you're a crazy breed
Hope you're not lonely without me...
Society, crazy indeed
Hope you're not lonely without me...
There's those thinking, more is less, less is more
But if less is more, how you keeping score?
Means for every point you make, your level drops
Kinda like you're starting from the top
You can't do that...
Society, you're a crazy breed
Hope you're not lonely without me...
Society, crazy indeed
Hope you're not lonely without me...
Society, have mercy on me
Hope you're not angry if I disagree...
Society, crazy indeed
Hope you're not lonely without me...
sábado, 28 de novembro de 2009
o momento em que a mão esbarra no corpo ao lado.. [ou, ode aos dois meses]
a transição de um rolo, de uma "ficada", para um namoro deixou de ser mistério para mim há tempos. seja pela simples vivência da situação, ou pela chegada de uma fase mais madura, com percepções mais complexas. entretanto, sempre refleti sobre o que pontua a mudança, numa relação, da paixão, para o amor romântico. em que momento as preocupações deixam de rondar o sábado e passam a mirar o médio prazo, o futuro; em síntese, em que momento a relação começa a ficar séria. começo a ter algumas interessantes pistas..
para começar, não se ajustam problemas de um relacionamento pelo simples "girar" de um botão de controle, apenas para renomear o arranjo, para planejar um filho, uma viagem, ou mesmo o casamento. mudanças estruturais tão significativas só podem ser benéficas se corresponderem à evolução natural de uma combinação saudável de sentimentos: confiança, tesão, cumplicidade, admiração. daí, brotará a vontade de planejar coisas comuns, de compartilhar. tal combinação deve, inclusive, servir à resolução madura e pacífica de conflitos, com base em entendimento, em diálogo. dito isso, parece óbvio o grau de complexidade que envolve o amadurecimento ou, em linguagem onusiana, a "gradação" de um relacionamento. mas pode não ser bem assim.
difícil não apelar para subjetividades na construção de quaquer raciocínio sobre relacionamentos. vivo hoje a quintessência da descoberta, da entrega, da aceitação de algo sublime, sensacional. por isso as linhas que esboço agora são o reflexo dessa fase. escrevo de forma parcial sobre o que nunca compreendi muito bem, mas sobre o quê falo hoje com propriedade. simplesmente não consigo teorizar nesse quesito, pois comigo aconteceu da forma mais inesperada e não planejada possível: a partir de um blind date descompromissado. era para ser só um encontro com a amiga do meu amigo, mas algo saiu "errado".. fato é que em dois meses, eu e a moça passamos de "pessoas que se pegariam" a cúmplices numa deliciosa e curtida jornada romântica. se eu desenhasse as linhas mestras de minha vida, não conseguiria traços tão bons nesse campo.
mas voltando à vaca fria: passamos, acredito eu, precocemente e sem grandes traumas, da paixão - preservada e potencializada junto com o amor, para a fase mais madura da relação, de compromissos, planos, médio prazo e certezas. meus algozes por anos transfomaram-se em parceiros de uma brincadeira séria e deliciosa. e tal brincadeira "ajustou" algumas coisas, peças fora do lugar em minha vidinha. por exemplo, eu nunca soube dividir a cama. nunca. sempre me foi tarefa árdua dormir com outra pessoa. desde o aspecto físico - sou insone crônico e outra pessoa quer dizer outros barulhos, outras "mexidas", outros arranjos noturnos.. ao aspecto sentimental - intimidade para mim sempre foi um problema. pois bem, muros foram minados, problemas naturalmente resolvidos e cá estou, pronto para começar uma longa estrada para fazer a relação da minha vida dar certo. e em que ponto exato o "milagre" teria contecido? difícil, mas acho que foi exatamente quando as esbarradas noturnas involuntárias deixaram de ser problema e se transformaram em prazer, delícia curtida a dois, aguardada..
para começar, não se ajustam problemas de um relacionamento pelo simples "girar" de um botão de controle, apenas para renomear o arranjo, para planejar um filho, uma viagem, ou mesmo o casamento. mudanças estruturais tão significativas só podem ser benéficas se corresponderem à evolução natural de uma combinação saudável de sentimentos: confiança, tesão, cumplicidade, admiração. daí, brotará a vontade de planejar coisas comuns, de compartilhar. tal combinação deve, inclusive, servir à resolução madura e pacífica de conflitos, com base em entendimento, em diálogo. dito isso, parece óbvio o grau de complexidade que envolve o amadurecimento ou, em linguagem onusiana, a "gradação" de um relacionamento. mas pode não ser bem assim.
difícil não apelar para subjetividades na construção de quaquer raciocínio sobre relacionamentos. vivo hoje a quintessência da descoberta, da entrega, da aceitação de algo sublime, sensacional. por isso as linhas que esboço agora são o reflexo dessa fase. escrevo de forma parcial sobre o que nunca compreendi muito bem, mas sobre o quê falo hoje com propriedade. simplesmente não consigo teorizar nesse quesito, pois comigo aconteceu da forma mais inesperada e não planejada possível: a partir de um blind date descompromissado. era para ser só um encontro com a amiga do meu amigo, mas algo saiu "errado".. fato é que em dois meses, eu e a moça passamos de "pessoas que se pegariam" a cúmplices numa deliciosa e curtida jornada romântica. se eu desenhasse as linhas mestras de minha vida, não conseguiria traços tão bons nesse campo.
mas voltando à vaca fria: passamos, acredito eu, precocemente e sem grandes traumas, da paixão - preservada e potencializada junto com o amor, para a fase mais madura da relação, de compromissos, planos, médio prazo e certezas. meus algozes por anos transfomaram-se em parceiros de uma brincadeira séria e deliciosa. e tal brincadeira "ajustou" algumas coisas, peças fora do lugar em minha vidinha. por exemplo, eu nunca soube dividir a cama. nunca. sempre me foi tarefa árdua dormir com outra pessoa. desde o aspecto físico - sou insone crônico e outra pessoa quer dizer outros barulhos, outras "mexidas", outros arranjos noturnos.. ao aspecto sentimental - intimidade para mim sempre foi um problema. pois bem, muros foram minados, problemas naturalmente resolvidos e cá estou, pronto para começar uma longa estrada para fazer a relação da minha vida dar certo. e em que ponto exato o "milagre" teria contecido? difícil, mas acho que foi exatamente quando as esbarradas noturnas involuntárias deixaram de ser problema e se transformaram em prazer, delícia curtida a dois, aguardada..
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
faraway so close
pretty in pink – psychedelic furs
caroline laughs and it's raining all day
she loves to be one of the girls
she lives in the place in the side of our lives
where nothing is ever put straight
she turns her self round and
she smiles and she says
this is it
that's the end of the joke
and loses herself in her dreaming and sleep
and her lovers walk through in their coats
pretty in pink isn't she
pretty in pink
isn't she
all of her lovers all talk of her notes
and the flowers that they never sent
and wasn't she easy
and isn't she pretty in pink
the one who insists he was first in the line
is the last to remember her name
he's walking around in this dress that she wore
she is gone but the joke's the same
pretty in pink isn't she
pretty in pink
isn't she
caroline talks to you softly sometimes
she says "i love you" and "too much"
she doesn't have anything you want to steal
well nothing you can touch
she waves
she buttons your shirt
the traffic is waiting outside
she hands you this coat
she gives you her clothes
these cars collide
pretty in pink isn't she
pretty in pink
isn't she
*caroline's on the table screaming
confidence is in the sea
and all their favorite rags are worn
and other kinds of uniform
they kid you you're really free
and you know what you want to be
case of individuality
until tomorrow
and everything you are you'll see
in pure shiny buttons
they put you in this gear
and driveways broken
doorbell sings in chimes
it plays anything goes
bells toll in rhyme
caroline laughs and it's raining all day
she loves to be one of the girls
she lives in the place in the side of our lives
where nothing is ever put straight
she turns her self round and
she smiles and she says
this is it
that's the end of the joke
and loses herself in her dreaming and sleep
and her lovers walk through in their coats
pretty in pink isn't she
pretty in pink
isn't she
all of her lovers all talk of her notes
and the flowers that they never sent
and wasn't she easy
and isn't she pretty in pink
the one who insists he was first in the line
is the last to remember her name
he's walking around in this dress that she wore
she is gone but the joke's the same
pretty in pink isn't she
pretty in pink
isn't she
caroline talks to you softly sometimes
she says "i love you" and "too much"
she doesn't have anything you want to steal
well nothing you can touch
she waves
she buttons your shirt
the traffic is waiting outside
she hands you this coat
she gives you her clothes
these cars collide
pretty in pink isn't she
pretty in pink
isn't she
*caroline's on the table screaming
confidence is in the sea
and all their favorite rags are worn
and other kinds of uniform
they kid you you're really free
and you know what you want to be
case of individuality
until tomorrow
and everything you are you'll see
in pure shiny buttons
they put you in this gear
and driveways broken
doorbell sings in chimes
it plays anything goes
bells toll in rhyme
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
pra cima de mim?
no começo da semana fui a um evento pelo trabalho. era uma coisinha grobete, cheia de pseudo celebridades e ex-capas de playboy. tive uma conversa surreal com Fernanda Abreu [sempre considerei uma chata e quebrei a cara] sobre o vasco. em seguida, veio um moço de um programa chamado CQC, dando uma de engraçadinho e – gravando – me perguntou: - ei você, quer ser entrevistado?
- não, meu jovem. na verdade, acho esse programa uma bela merda. queria apenas dizer que seu tênis é legal.
- não, meu jovem. na verdade, acho esse programa uma bela merda. queria apenas dizer que seu tênis é legal.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
rivotril [para uma mulher macia]
rivotril é o clonazepam, um tranqüilizante do grupo dos benzodiazepínicos. sua alta potência, longo tempo de circulação como forma ativa e peculiaridades farmacodinâmicas o tornam um dos melhores tranqüilizantes disponíveis no mercado.
assim começa a apresentação de rivotril, calmante que faz sucesso em todas as classes sociais e cujo uso aumenta em progressão geométrica no brasil. o remédio é usado hà tempos, sem contra indicações perigosas. será? paro em frente à caixa: faz 3 anos que não toco num calmante. recomecei no último domingo, sem planejar, sem me programar. usei poucas vezes, mas em todas elas posso dizer que senti uma felicidade franca. não apenas dormi melhor, mas minha vida ficou melhor. considero-me minimamente maduro, e por isso estou ciente dos riscos, ainda que calculados, envolvidos na experiência com rivotril. o moço da bula já vai avisando: “a sedação é forte”. e é mesmo: eu diria, inebriante. mas o remédio é eficiente no fim proposto: rivotril é eficaz para o controle da Fobia Social, do Distúrbio do Pânico, das formas de ansiedade genaralizadas e para ajudar a controlar os sintomas de ansiedade normais decorrentes de situações extremas da vida de qualquer um. sua alta potência garante quase sempre um bom resultado e sua prolongada eliminação do organismo diminuem bastante o risco de dependência química.
pois é, rivotril pode ter seus revezes, mas proporciona um sono mais tranquilo, acalma e renova para o enfrentamento das agruras rotineiras. com ele, não apenas durmo melhor, mas fico mais disposto, mais descansado e com mais disposição, possivelmente, devido ao repouso garantido pelo sono de qualidade. descansado, fico inclusive com mais vontade de trabalhar, corro melhor e tenho melhor humor. o problema é que fico com mais vontade de rivotril e, em minha atual situação, nem sempre é posível adquirir. até reconheço que se trata de um calmante, mas para mim, é um transmissor legítimo de tranquiidade, de paz, de excitação, numa proporção deliciosa. com ele troco experiências. dele, recebo alegrias. para ele, meu reconhecimento. com ele, começo uma relação franca, madura, passional e verdadeira. de peito aberto.
assim começa a apresentação de rivotril, calmante que faz sucesso em todas as classes sociais e cujo uso aumenta em progressão geométrica no brasil. o remédio é usado hà tempos, sem contra indicações perigosas. será? paro em frente à caixa: faz 3 anos que não toco num calmante. recomecei no último domingo, sem planejar, sem me programar. usei poucas vezes, mas em todas elas posso dizer que senti uma felicidade franca. não apenas dormi melhor, mas minha vida ficou melhor. considero-me minimamente maduro, e por isso estou ciente dos riscos, ainda que calculados, envolvidos na experiência com rivotril. o moço da bula já vai avisando: “a sedação é forte”. e é mesmo: eu diria, inebriante. mas o remédio é eficiente no fim proposto: rivotril é eficaz para o controle da Fobia Social, do Distúrbio do Pânico, das formas de ansiedade genaralizadas e para ajudar a controlar os sintomas de ansiedade normais decorrentes de situações extremas da vida de qualquer um. sua alta potência garante quase sempre um bom resultado e sua prolongada eliminação do organismo diminuem bastante o risco de dependência química.
pois é, rivotril pode ter seus revezes, mas proporciona um sono mais tranquilo, acalma e renova para o enfrentamento das agruras rotineiras. com ele, não apenas durmo melhor, mas fico mais disposto, mais descansado e com mais disposição, possivelmente, devido ao repouso garantido pelo sono de qualidade. descansado, fico inclusive com mais vontade de trabalhar, corro melhor e tenho melhor humor. o problema é que fico com mais vontade de rivotril e, em minha atual situação, nem sempre é posível adquirir. até reconheço que se trata de um calmante, mas para mim, é um transmissor legítimo de tranquiidade, de paz, de excitação, numa proporção deliciosa. com ele troco experiências. dele, recebo alegrias. para ele, meu reconhecimento. com ele, começo uma relação franca, madura, passional e verdadeira. de peito aberto.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
entreouvidos, no banheiro da ANS
dois sujeitos contando piadas.
"cara, joaõzinho estava batendo uma atrás do ginásio da escola quando foi surpreendido pela profa. jane:
- joãozinho!!! o que é isso, moleque??
- professora, a sra. não morre hoje.. "
"cara, joaõzinho estava batendo uma atrás do ginásio da escola quando foi surpreendido pela profa. jane:
- joãozinho!!! o que é isso, moleque??
- professora, a sra. não morre hoje.. "
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
the dark side of the sun
le blé noir é um dos meus lugares preferidos no RJ. seria um bistrô, se não pudesse ser caracterizado como uma charmosíssima casa de crepes bretães. decoração típica, bandeira da bretanha no teto, mesinhas estilosas e serviço de primeira complementam a obra-prima dos crepes sarracenos. fica quase na minha rua, e no último final de semana, foi assaltada pela segunda vez no mês, por cinco homens não-encapuzados que ameaçaram fregueses e garçons com granadas. isso mesmo, granadas.. where the fuck i am?!
do caralho o filme michael clayton. george clooney em forma e sydney pollack afiado. vale a pena.
do caralho o filme michael clayton. george clooney em forma e sydney pollack afiado. vale a pena.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
entreouvidos [no salão de beleza]:
uma colega escuta toda paramentada, "montada", cheia de máscaras, cremes, paradas e loções, da bicha responsável por seu cuidado:
"minha filha, mulher é que nem salsicha: se a gente olha a preparação, não tem coragem de comer depois"..
"minha filha, mulher é que nem salsicha: se a gente olha a preparação, não tem coragem de comer depois"..
domingo, 13 de setembro de 2009
divisa
é difícil precisar em que momento termina a sanidade e começa o equilíbrio, uma vez que podemos viver em um lado e passear, eventualmente, pelo outro. nas relações amorosas acontece algo semelhante: é difícil definir o que é são, doentio, equilibrado, fantasiado e/ou correspondido: tais divisas são muito tênues. o filme two lovers ilustra a crise dessas fronteiras. de quebra, me desperta uma indagação: por que mesmo joaquim phoenix não tem uma estante cheia de oscars?!
phoenix faz papel de um depressivo quarentão que volta para a casa dos pais para se recuperar de uma frustrada tentativa de suicídio após ser deixado pela esposa. história meio batida, mas cuja originalidade e o mérito são salvos por uma atuação impecável do ator, que atinge a maturidade dramática, em total controle sobre o personagem.
embalado por árias primorosas, o filme retrata um inebriante triângulo dramático entre phoenix, uma como-sempre-apenas-lindinha gwyneth paltrow e a excelente e contida vinessa shaw. as duas entram ao mesmo tempo na vida de phoenix, em viagem análoga à do expectador, que entra aos poucos no universo lírico do diretor james gray, condutor hábil de uma história sensível, tensa e bem amarrada.
no desenrolar da trama, fica evidente a dicotomia que se aproxima de leonard: shaw ou paltrow. realidade como ela é, ou fantasia frágil. e tal como um bridges of madison county, em que meril streep entrega-se à abnegação em momento soberbo de interpretação, o depressivo leonard sucumbe à percepção de que o fio de prata que o conecta á realidade é deveras tênue. a metáfora desse fio é sua ligação com shawn [sandra cohen].
num mundo de escolhas sofridas, em que sempre se perde algo de muito valor, leonard rende-se à opção pela vida, ainda que abafe todo o resto.. inclusive sua insanidade. de quebra, temos o prazer de rever isabella rosselini, quase sessentona e maravilhosa como sempre.
phoenix faz papel de um depressivo quarentão que volta para a casa dos pais para se recuperar de uma frustrada tentativa de suicídio após ser deixado pela esposa. história meio batida, mas cuja originalidade e o mérito são salvos por uma atuação impecável do ator, que atinge a maturidade dramática, em total controle sobre o personagem.
embalado por árias primorosas, o filme retrata um inebriante triângulo dramático entre phoenix, uma como-sempre-apenas-lindinha gwyneth paltrow e a excelente e contida vinessa shaw. as duas entram ao mesmo tempo na vida de phoenix, em viagem análoga à do expectador, que entra aos poucos no universo lírico do diretor james gray, condutor hábil de uma história sensível, tensa e bem amarrada.
no desenrolar da trama, fica evidente a dicotomia que se aproxima de leonard: shaw ou paltrow. realidade como ela é, ou fantasia frágil. e tal como um bridges of madison county, em que meril streep entrega-se à abnegação em momento soberbo de interpretação, o depressivo leonard sucumbe à percepção de que o fio de prata que o conecta á realidade é deveras tênue. a metáfora desse fio é sua ligação com shawn [sandra cohen].
num mundo de escolhas sofridas, em que sempre se perde algo de muito valor, leonard rende-se à opção pela vida, ainda que abafe todo o resto.. inclusive sua insanidade. de quebra, temos o prazer de rever isabella rosselini, quase sessentona e maravilhosa como sempre.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
.curiosidade.

o filme streets of fire – a fable of rock’n’roll [1984], clássico pop-farofa dos anos 80, com uma das trilhas sonoras mais fortes do cinema recente, tem diane lane no papel da atriz principal.. e era miss Lane quem cantava as principais músicas.. e ry cooder, músico e compositor de trilhas sonoras emblemáticas [como paris, Texas], além de ter escrito uma das músicas, também assina essa trilha..
ps1. eu sempre achei Diane Lane bela.. mas não me lembrava de nada disso.
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