segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

agora eu sei

este seria apenas mais um post bissextamente em meu blog, fruto de uma insonia clássica, e de calor irritante em bsb, não fosse por um detalhe: há algo diferente em meu dedo [não sei o nome ao certo] da mão direita. um anel. uma aliança, para ser mais preciso, mais exato. o que aconteceu? em quee momento de minha história pessoal dei chance à união estável? posso creditar a mudança holística à mudança de volta a Bsb. na verdade, tudo cambiou: mudei de cidade, de situação empregatícia, de status marital, de humor, de perspectiva.. só não estou jogando tenis, mas de resto, tudo novo.e aí reside o mote do post: mudanças são sempre mudanças: processos complicados, por vezes dolorosos, mas sempre excelentes oportunidades. afinal, um novo paradigma só emerge na krisis.. sempre me lembro disso da aulas de IMCS.

voltando à vaca fria, a parte que me compete nessa gleba literária refere-se à mudança de meu status marital. apostar, finalmente, em uma relação mais madura, mais séria, por acreditar que finalmente encontrei uma mulher em quem acreditio valer a pena apostar. ainda não sei se acredito em alma gemea mas encontrei, sim, uma companheira. a companheira que imaginava e desconfiava existir. a mulher que nunca pensei em conceituar assim, mas que idealizei conscientemente e cuja existencia meu inconsciente negou veementemente nos últimos anos. mas que aceito hoje sem maiores problemas. pontuo, finalmente, o final de minha adolecencia.

à minha mulher, carolina, dedico a segunda e melhor parte da minha vida. que essa fase tenha, realmente, começado hoje sem data para acabar.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

esperando por mim [renato russo]

Acho que você não percebeu
Que o meu sorriso era sincero
Sou tão cínico às vezes

O tempo todo
Estou tentando me defender
Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria
arrogância
Esperando por um pouco de afeição
Hoje não estava nada bem
Mas a tempestade me distrai
Gosto dos pingos de chuva
Dos relâmpagos e dos trovões
Hoje à tarde foi um dia bom
Saí prá caminhar com meu pai
Conversamos sobre coisas da vida
E tivemos um momento de paz
É de noite que tudo faz sentido
No silêncio eu não ouço meus gritos
E o que disserem
Meu pai sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Minha mãe sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Meus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim
E o que disserem

Agora meu filho espera por mim
Estamos vivendo
E o que disserem os nossos dias serão para sempre.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

2010

meu retorno a Bsb teve um efeito combinado peculiar, esquisito mesmo. por um lado, sinto-me preocupado com a falta de emprego, ainda que momentânea, com o fato de que tenho de me reacostumar com uma cidade que considero estranha - para usar termo cristão. por outro, embarquei definitivamente na fase adulta, bancando escolhas adultas, consequências maduras - e que podem afetar outras pessoas, e mais um capítulo de minha jornada pessoal. assumi um amor - e suas agregadas, convenci-me de que o tempo passou e isso não é, necesariamente, ruim. abri meu coração. relaxei. e aconteceu: descobri reciprocidade, cumplicidade e amizade num relação recheada de tesão e amadurecimento. vivas. o medo do futuro perdeu para a delícia do presente. e começou 2010. pelo menos para mim.

sábado, 19 de dezembro de 2009

society

[eddie vedder]

Oh, it's a mystery to me
We have a greed with which we have agreed
And you think you have to want more than you need
Until you have it all you won't be free

Society, you're a crazy breed
Hope you're not lonely without me...

When you want more than you have
You think you need...
And when you think more than you want
Your thoughts begin to bleed
I think I need to find a bigger place
Because when you have more than you think
You need more space

Society, you're a crazy breed
Hope you're not lonely without me...
Society, crazy indeed
Hope you're not lonely without me...

There's those thinking, more is less, less is more
But if less is more, how you keeping score?
Means for every point you make, your level drops
Kinda like you're starting from the top
You can't do that...

Society, you're a crazy breed
Hope you're not lonely without me...
Society, crazy indeed
Hope you're not lonely without me...

Society, have mercy on me
Hope you're not angry if I disagree...
Society, crazy indeed
Hope you're not lonely without me...

sábado, 28 de novembro de 2009

o momento em que a mão esbarra no corpo ao lado.. [ou, ode aos dois meses]

a transição de um rolo, de uma "ficada", para um namoro deixou de ser mistério para mim há tempos. seja pela simples vivência da situação, ou pela chegada de uma fase mais madura, com percepções mais complexas. entretanto, sempre refleti sobre o que pontua a mudança, numa relação, da paixão, para o amor romântico. em que momento as preocupações deixam de rondar o sábado e passam a mirar o médio prazo, o futuro; em síntese, em que momento a relação começa a ficar séria. começo a ter algumas interessantes pistas..

para começar, não se ajustam problemas de um relacionamento pelo simples "girar" de um botão de controle, apenas para renomear o arranjo, para planejar um filho, uma viagem, ou mesmo o casamento. mudanças estruturais tão significativas só podem ser benéficas se corresponderem à evolução natural de uma combinação saudável de sentimentos: confiança, tesão, cumplicidade, admiração. daí, brotará a vontade de planejar coisas comuns, de compartilhar. tal combinação deve, inclusive, servir à resolução madura e pacífica de conflitos, com base em entendimento, em diálogo. dito isso, parece óbvio o grau de complexidade que envolve o amadurecimento ou, em linguagem onusiana, a "gradação" de um relacionamento. mas pode não ser bem assim.

difícil não apelar para subjetividades na construção de quaquer raciocínio sobre relacionamentos. vivo hoje a quintessência da descoberta, da entrega, da aceitação de algo sublime, sensacional. por isso as linhas que esboço agora são o reflexo dessa fase. escrevo de forma parcial sobre o que nunca compreendi muito bem, mas sobre o quê falo hoje com propriedade. simplesmente não consigo teorizar nesse quesito, pois comigo aconteceu da forma mais inesperada e não planejada possível: a partir de um blind date descompromissado. era para ser só um encontro com a amiga do meu amigo, mas algo saiu "errado".. fato é que em dois meses, eu e a moça passamos de "pessoas que se pegariam" a cúmplices numa deliciosa e curtida jornada romântica. se eu desenhasse as linhas mestras de minha vida, não conseguiria traços tão bons nesse campo.

mas voltando à vaca fria: passamos, acredito eu, precocemente e sem grandes traumas, da paixão - preservada e potencializada junto com o amor, para a fase mais madura da relação, de compromissos, planos, médio prazo e certezas. meus algozes por anos transfomaram-se em parceiros de uma brincadeira séria e deliciosa. e tal brincadeira "ajustou" algumas coisas, peças fora do lugar em minha vidinha. por exemplo, eu nunca soube dividir a cama. nunca. sempre me foi tarefa árdua dormir com outra pessoa. desde o aspecto físico - sou insone crônico e outra pessoa quer dizer outros barulhos, outras "mexidas", outros arranjos noturnos.. ao aspecto sentimental - intimidade para mim sempre foi um problema. pois bem, muros foram minados, problemas naturalmente resolvidos e cá estou, pronto para começar uma longa estrada para fazer a relação da minha vida dar certo. e em que ponto exato o "milagre" teria contecido? difícil, mas acho que foi exatamente quando as esbarradas noturnas involuntárias deixaram de ser problema e se transformaram em prazer, delícia curtida a dois, aguardada..

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

faraway so close

pretty in pink – psychedelic furs

caroline laughs and it's raining all day
she loves to be one of the girls
she lives in the place in the side of our lives
where nothing is ever put straight
she turns her self round and
she smiles and she says
this is it
that's the end of the joke

and loses herself in her dreaming and sleep
and her lovers walk through in their coats
pretty in pink isn't she
pretty in pink
isn't she

all of her lovers all talk of her notes
and the flowers that they never sent
and wasn't she easy
and isn't she pretty in pink
the one who insists he was first in the line
is the last to remember her name
he's walking around in this dress that she wore
she is gone but the joke's the same
pretty in pink isn't she
pretty in pink
isn't she

caroline talks to you softly sometimes
she says "i love you" and "too much"
she doesn't have anything you want to steal
well nothing you can touch
she waves
she buttons your shirt
the traffic is waiting outside
she hands you this coat
she gives you her clothes
these cars collide
pretty in pink isn't she
pretty in pink
isn't she

*caroline's on the table screaming
confidence is in the sea
and all their favorite rags are worn
and other kinds of uniform
they kid you you're really free
and you know what you want to be
case of individuality
until tomorrow
and everything you are you'll see
in pure shiny buttons
they put you in this gear
and driveways broken
doorbell sings in chimes
it plays anything goes
bells toll in rhyme

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

pra cima de mim?

no começo da semana fui a um evento pelo trabalho. era uma coisinha grobete, cheia de pseudo celebridades e ex-capas de playboy. tive uma conversa surreal com Fernanda Abreu [sempre considerei uma chata e quebrei a cara] sobre o vasco. em seguida, veio um moço de um programa chamado CQC, dando uma de engraçadinho e – gravando – me perguntou: - ei você, quer ser entrevistado?

- não, meu jovem. na verdade, acho esse programa uma bela merda. queria apenas dizer que seu tênis é legal.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

rivotril [para uma mulher macia]

rivotril é o clonazepam, um tranqüilizante do grupo dos benzodiazepínicos. sua alta potência, longo tempo de circulação como forma ativa e peculiaridades farmacodinâmicas o tornam um dos melhores tranqüilizantes disponíveis no mercado.

assim começa a apresentação de rivotril, calmante que faz sucesso em todas as classes sociais e cujo uso aumenta em progressão geométrica no brasil. o remédio é usado hà tempos, sem contra indicações perigosas. será? paro em frente à caixa: faz 3 anos que não toco num calmante. recomecei no último domingo, sem planejar, sem me programar. usei poucas vezes, mas em todas elas posso dizer que senti uma felicidade franca. não apenas dormi melhor, mas minha vida ficou melhor. considero-me minimamente maduro, e por isso estou ciente dos riscos, ainda que calculados, envolvidos na experiência com rivotril. o moço da bula já vai avisando: “a sedação é forte”. e é mesmo: eu diria, inebriante. mas o remédio é eficiente no fim proposto: rivotril é eficaz para o controle da Fobia Social, do Distúrbio do Pânico, das formas de ansiedade genaralizadas e para ajudar a controlar os sintomas de ansiedade normais decorrentes de situações extremas da vida de qualquer um. sua alta potência garante quase sempre um bom resultado e sua prolongada eliminação do organismo diminuem bastante o risco de dependência química.

pois é, rivotril pode ter seus revezes, mas proporciona um sono mais tranquilo, acalma e renova para o enfrentamento das agruras rotineiras. com ele, não apenas durmo melhor, mas fico mais disposto, mais descansado e com mais disposição, possivelmente, devido ao repouso garantido pelo sono de qualidade. descansado, fico inclusive com mais vontade de trabalhar, corro melhor e tenho melhor humor. o problema é que fico com mais vontade de rivotril e, em minha atual situação, nem sempre é posível adquirir. até reconheço que se trata de um calmante, mas para mim, é um transmissor legítimo de tranquiidade, de paz, de excitação, numa proporção deliciosa. com ele troco experiências. dele, recebo alegrias. para ele, meu reconhecimento. com ele, começo uma relação franca, madura, passional e verdadeira. de peito aberto.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

entreouvidos, no banheiro da ANS

dois sujeitos contando piadas.
"cara, joaõzinho estava batendo uma atrás do ginásio da escola quando foi surpreendido pela profa. jane:
- joãozinho!!! o que é isso, moleque??
- professora, a sra. não morre hoje.. "

terça-feira, 29 de setembro de 2009

the dark side of the sun

le blé noir é um dos meus lugares preferidos no RJ. seria um bistrô, se não pudesse ser caracterizado como uma charmosíssima casa de crepes bretães. decoração típica, bandeira da bretanha no teto, mesinhas estilosas e serviço de primeira complementam a obra-prima dos crepes sarracenos. fica quase na minha rua, e no último final de semana, foi assaltada pela segunda vez no mês, por cinco homens não-encapuzados que ameaçaram fregueses e garçons com granadas. isso mesmo, granadas.. where the fuck i am?!

do caralho o filme michael clayton. george clooney em forma e sydney pollack afiado. vale a pena.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

entreouvidos [no salão de beleza]:

uma colega escuta toda paramentada, "montada", cheia de máscaras, cremes, paradas e loções, da bicha responsável por seu cuidado:
"minha filha, mulher é que nem salsicha: se a gente olha a preparação, não tem coragem de comer depois"..

domingo, 13 de setembro de 2009

divisa

é difícil precisar em que momento termina a sanidade e começa o equilíbrio, uma vez que podemos viver em um lado e passear, eventualmente, pelo outro. nas relações amorosas acontece algo semelhante: é difícil definir o que é são, doentio, equilibrado, fantasiado e/ou correspondido: tais divisas são muito tênues. o filme two lovers ilustra a crise dessas fronteiras. de quebra, me desperta uma indagação: por que mesmo joaquim phoenix não tem uma estante cheia de oscars?!

phoenix faz papel de um depressivo quarentão que volta para a casa dos pais para se recuperar de uma frustrada tentativa de suicídio após ser deixado pela esposa. história meio batida, mas cuja originalidade e o mérito são salvos por uma atuação impecável do ator, que atinge a maturidade dramática, em total controle sobre o personagem.

embalado por árias primorosas, o filme retrata um inebriante triângulo dramático entre phoenix, uma como-sempre-apenas-lindinha gwyneth paltrow e a excelente e contida vinessa shaw. as duas entram ao mesmo tempo na vida de phoenix, em viagem análoga à do expectador, que entra aos poucos no universo lírico do diretor james gray, condutor hábil de uma história sensível, tensa e bem amarrada.

no desenrolar da trama, fica evidente a dicotomia que se aproxima de leonard: shaw ou paltrow. realidade como ela é, ou fantasia frágil. e tal como um bridges of madison county, em que meril streep entrega-se à abnegação em momento soberbo de interpretação, o depressivo leonard sucumbe à percepção de que o fio de prata que o conecta á realidade é deveras tênue. a metáfora desse fio é sua ligação com shawn [sandra cohen].

num mundo de escolhas sofridas, em que sempre se perde algo de muito valor, leonard rende-se à opção pela vida, ainda que abafe todo o resto.. inclusive sua insanidade. de quebra, temos o prazer de rever isabella rosselini, quase sessentona e maravilhosa como sempre.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

.curiosidade.


o filme streets of fire – a fable of rock’n’roll [1984], clássico pop-farofa dos anos 80, com uma das trilhas sonoras mais fortes do cinema recente, tem diane lane no papel da atriz principal.. e era miss Lane quem cantava as principais músicas.. e ry cooder, músico e compositor de trilhas sonoras emblemáticas [como paris, Texas], além de ter escrito uma das músicas, também assina essa trilha..

ps1. eu sempre achei Diane Lane bela.. mas não me lembrava de nada disso.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

the Expoited are punk rock!

um amigo me escreve e informa que leu num site a confirmação de uma turnê do the Exploited no Brasil, em novembro de 2009. mas quem?! para menos desavisados, a antológica banda punk de glasgow foi ícone da virada dos anos 70 para os 80, influenciou um sem número de coisas legais - e merdas também, e permanece – pasmem! – na ativa até hoje. a música punk do exploited dita algumas características de seu universo: rapidez, podreira, raiva, ira, sujeira e.. humor [basta entrar no site oficial e se divertir: www.the-exploited.net], que marcaram o “lado B” de alguns reflexos do movimento punk autêntico no Brasil. sacaneando bastante os falsos punks, a rainha [de maneira muito mais estilosa que os sex pistols], a realidade internacional, os nazistas, eles próprios e todo o resto, eles divertiram-se fazendo música legal, cuspindo pra cacete e animando um pouco a “década perdida”. de quebra, animaram também a adolescência de caras como eu.

confesso que não sei em que tipo de arena eles tocarão em Brasília, que tipo de figuras de 50 anos e cabelo rosa eu encontrarei, ou se os caras lembram-se do próprio set list, mas estou curioso: tenho um compromisso inadiável dia 06/11.

sábado, 22 de agosto de 2009

vectra

passando pela bolívar, hoje, havia estacionado um carro velho, um vectra. o carro era muito peão, paramentado de forma muito brega, cheio de acessórios de boy pobre. nele, havia um adesivo escrito: "se você quer saber se existe vida após a morte, mexa neste carro". sensacional.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

quotes

o grobo de domingo passado publicou uma interessante matéria com as “cinco mais” em diversas categorias. o embaixador marcos azambuja [ex-França e Argentina], listou as cinco frases inesquecíveis, das quais duas são impagáveis:
- do príncipe de Talleyrand, ao ser pressionado: “senhores, é urgente esperar”.
- de groucho marx [que segundo Azambuja, será confirmado pelo tempo como influência mais duradoura que Karl..]: “estes são meus princípios. se você não gostar, posso oferecer outros princípios”.

domingo, 9 de agosto de 2009

pequena amostra da boa safra de 1983

tive uma insônia clássica de sábado ontem e acabei assistindo, em sequência, a dois filmes que considero antológicos: flashdance e scarface. o primeiro consegue ser tão brega como empolgante: tem uma trilha sonora pegajosa e eletrizante, ainda que contaminada pela breguice e inocência dos anos 80. virou referência atemporal e presença obrigatória em qualquer festinha despretensiosa. o segundo não teve o mesmo charme de seu original da década de 30, mas retrata de maneira magistral a saga de um imigrante latino aos EUA e sua ascensão como um traficante impiedoso-ainda-que-humano, e confirmou um ator lançado exatos 10 anos antes como um dos imortais do cinema: al pacino.

por acaso, percebi que havia pouco em comum entre eles: aparentemente sem muitas interfaces, ambos os filmes são sensacionais nas respectivas propostas, marcaram profundamente sua época, foram filmados no mesmo ano e têm cenas antológicas. em flashdance, a cena em que jannifer beals tira o soutien na frente de um desconcertado michael nouri é muito boba, mas ao mesmo tempo uma das mais sensuais do cinema. vale mais do que muito erotismo forçado. ela mistura o olhar de uma colegial ciente de seu poder sedutor e a incoência de uma lolita. em scarface, a cena de tony montana enlouquecido, cheirado, atrás de uma pilha de cocaína nunca teve outra à altura.

pequenas e ingênuas viagens de final de semana..

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

RIP

a primeira vez em que ouvi falar de john hughes foi em 1985 quando assisti ao inesquecível sixteen candles [exibido no Brasil com a infame alcunha de gatinhas e gatões – putaquepariu!]. a proposta era humorística, mas havia algo diferente.. não parecia um dos excelentes filmes dos trapalhões; ou os antológicos filmes de jerry lewis, ou mesmo os amalucados filmes de peter sellers. definitivamente, eu estava diante de algo novo, e sentia algo novo: o poder de john hughes. esse carismático diretor e produtor que influenciou [para usar um termo leve] minha geração, mudou a linguagem da comédia cotidiana, propôs reflexões e discussões sérias, por meio de uma linguagem simples, dirigiu os maiores sucessos da chamada brat pack, faleceu de infarte ontem, aos 59 anos. a ele rendo minha homenagem.

hughes contribuiu em larga escala para o começo de meu processo de socialização adolescente. a ele, os devidos créditos por isso. mas ele também teve sua parcela de culpa na construção de minha realidade paralela, deliciosamente adubada e esquizofrenicamente protegida durante os últimos 20 anos. no fundo acho que se já gastei algum dinheiro com psicoterapia, devo algum crédito a hughes. mas se tenho alguma habilidade para aproveitar as coisas boas da vida, relaxar em momentos certos, planejar e executar coisas legais, sem pressão, medos ou preconceitos, também é por causa do cara.

lembro-me de uma aula inocente de inglês, no alto dos meus 14 anos, quando um professor gente boa de origem ucraniana deu a dica de um filme novo, introspectivo, meio parado, mas diferente: era breakfast club, talvez a obra-prima e grande legado cinematográfico de hughes. se sixteen candles me chamou atenção para o cara, breakfast club me carimbou o passaporte para entrar em seu maravilhoso mundo. aquela história meio maluca, sobre moleques em princípio sem nada em comum e que são obrigados a passar um sábado juntos de castigo na escola não faria o menor sentido, nem teria o menor apelo se contextualizada em qualquer outra época, assistida por qualquer outra geração. uma breve pesquisa comprova essa teoria. por isso, considero-me um sortudo. eu vi, vivi e senti física e psicologicamente os efeitos de seus filmes.

o que esse cara tinha, para retratar tão bem, para propor, definir e balançar os alicerces da minha geração? simples: era um gênio criativo do cotidiano e com sensbilidade mais que aguçada. pra quê usar drogas na adolescência se havia filmes de john hughes?! não, drogas serviam para os fracos de espírito: hughes era a verdadeira viagem.

faço uma única ressalva sobre o cara: talvez hughes tivesse sido ainda mais compreendido por aqui, se fôssemos expectadores americanos: ele escrevia magistralmente para os highschoolers. era para decifrar a psiquê do jovem americano que o gênio hughes trabalhava. no caso específico de breakfast club, foi para mim um daqueles ritos absurdos de passagem, divisor de águas na forma de perceber as coisas, as pessoas, a mim mesmo. e a película dá a pista para tentarmos decifrar o universo hughesiano: tudo, todos e todas as relações podem, quando se tem 17 anos, ser facilmente classificadas e tribalizadas.

pode ser reducionista ou mesmo preconceituoso de minha parte fazer tal afirmação, mas em qualquer nicho escolar, havia sempre um cara meio marginal, um esportista conhecido, uma gatinha popular, um nerd tímido e uma ovelha negra diferente, enigmática. óbvio, mas não ululante. foi preciso que um talentoso diretor propusesse essa realidade simples, permeada por conflitos simples, para que toda uma geração acordasse para o seu valor.
RIP, mr. Hughes.
sincerely yours,
ag

terça-feira, 4 de agosto de 2009

dúvida

isso é quase um post-por-encomenda, aproveitando a proposta de uma amiga para que eu escrevesse sobre um tema específico – filhos. talvez quem lê isso, pergunte-se: sou estranho, idiossincrático, “do contra”, não sou pai e escreverei sobre o assunto? sim, isso não interfere no resultado. não há conclusões, só provocações e viagens.

nunca pensei em casamento como a maioria das pessoas - além de meus pais, meus dois irmãos que se casaram, seguindo ritos legais, inclusive, já estão separados. cresci na era do divórcio, então, essa sempre foi a regra para mim. o divórcio parece-me sempre o rumo natural das coisas e.. não sou arauto do pessimismo, mas acho que a separação pode fazer parte da relação - formalizada ou não; e deveria ser encarada como tal. no meu caso, em nenhum momento da vida tive deslumbre, vontade, fascinação, ou mesmo curiosidade pelo casamento. conheço exemplos de amigos, pessoas que adoro e respeito, que se casarem e vivem relação formalizadas felizes. não vou começar – de novo, a tentar justificar porque acho que se duas pessoas se gostam, basta que estejam juntas. não precisariam formalizar a união para legitimá-la. pois bem.

meu pai um dia me disse, categoricamente: - filho, podemos viver com 20 mulheres, mas casar, é só com uma. será? talvez. provavelmente.. mas que aura celestial é essa que se criou em torno do casamento formal? em que momento histórico paramos [se é que o fizemos algum dia] de prestar atenção na essência, para priorizar a forma, o rito? o que os livros escolares fizeram? quem eu devo processar? na verdade, vale a lei do ‘foda-se’ e o que vale é ser feliz, desde que não estejamos impedindo – ou dificultando a felicidade de outrem. mas não entendo, até hoje, o rito formalístico do casamento. se se tratasse de condição certeira para a felicidade, tudo bem. mas nem sempre é o que ocorre. pelo contrário, parece que a formalização da união, na maioria dos casos, decreta sua falência. difícil teorizar..

minha vontade de ter filhos enferrujou junto com minha vontade de ter dreadlocks. não me lembro de quando quis ter um filho, mas já quis. da mesma forma, não me lembro de quando pensei em usar dreadlocks. querer eu até quis, mas sem a menor vontade de passar dois meses sem lavar o cabelo, esfregando a porra das tranças, imundas, até darem “liga”. mesma coisa com os filhos. em algum lugar do passado deu vontade de ter filho. óbvia – e felizmente, essa vontade foi permeada e potencializada pelo fato de que sempre me relacionei com mulheres que valiam a pena. sempre tive excelentes namoradas – confiáveis, companheiras de sextas, planos e domingos apesar dos defeitos muitos e naturais.

outro dia revi – pela enésima vez, o filme ‘juno’. prestei atenção em um trecho do qual não me lembrava: a personagem de jennifer garner, ao conversar com uma helen paige em crise, diz que as mulheres tornam-se mães no momento da concepção [acho que acontece mesmo antes disso], e os homens tornam-se pais quando nasce o filho. generalizações à parte, achei perfeito. não se trata da explicação [até porquê acho que essa é, antes de mais nada, genética] para a diferença de percepção do conceito ‘filho’, para homens e mulheres. se estes são diferentes, por que não o seriam na paternidade e maternidade? mas a questão aqui é aceitar que a diferença abissal entre XY e XX teria, sim, um reflexo na forma como percebem filhos.

há idade certa para ter filhos? claro que não, mas aqui reside um cruel aspecto: posso decidir ser pai aos 80 anos. é possível. Mas uma mulher luta contra um dos mais impiedosos inimigos já identificados: o tal do relógio biológico. o alarme que dispara – em média, aos 35 anos para o fato de que se pensou em filhos, que implemente o plano. se não pensou, é bom fazê-lo para “ontem”. isso é foda: transforma mulheres interessantes em seres fragilizados e confusos, apressados e histéricos. transforma uma fase, uma etapa do relacionamento, que deveria ser curtida a seu tempo, na finalidade mor de toda a existência. tem nexo? por causa dessa fragilização, continuam-se referendando escolhas erradas e aceitando tais escolhas como caminhos sem volta.

porra, conheço algumas mulheres tão interessantes, tão competentes, tão profissionais, que tornam difícil para um leigo como eu entender a onda do pânico da maternidade. talvez esteja na hora de uma segunda revolução sexual, na qual não se queimariam sutiãs, mas as cartilhas em que se definiu pela primeira vez essa função da maternidade com tamanho peso, com tanta cobrança.