reflexões, besteiras e confissões - contribuições em geral para o entendimento do macho contemporâneo.
sábado, 22 de junho de 2013
noite de miam miam [ou, modelo e atriz..]
doeu no coração, mas não dependia mais de mim: tinha de deixar mesmo o glorioso rio de janeiro. o Programa da ONU em que trabalhava anunciara fechamento da operação descentralizada, na mesma época em que conheci a mulher com quem juntaria trapos. ela não queria sair de bsb. eu não queria voltar. perdi. após um casamento inesperadamente feliz com a cidade maravilhosa, era hora de voltar pra brasília. paciência. pensei em stalin na rússia pós-Bolchevique: retroceder um pouco para avançar muito algum tempo depois.
pop que sou, marquei minha super despedida da cidade com os.. dois grandes amigos que tinha lá: o argentino gênio e a bahiana apimentada. tentei, mas por questão de agenda, não foi possível ir no meu local preferido: a champanharia ovelha negra da rua bambina [ovelhanegra]. sobrou o segundo lugar: o charmoso miam-miam [miam-miam], depois da rua da pasagem, subindo para o Rio Sul. o lugar é super transado: clean, moderno, bem decorado, ícone da cozinha contemporânea carioca e ponto de encontro de artistas e modernosos. tem cardápio bem sortido: pode-se comer de tudo e bem lá. vale muito o salmão gratinado com mascarpone!
cheguei cedo para garantir mesa, pois sentar-se no local pode ser tarefa ingrata. como na cidade eu usufruía de um eficiente sistema de transporte publico, não havia a preocupação mediocre com o binômio biritaxdireção. meus amigos já haviam dito que chegariam, juntos, em minutos. decidi ir rápido ao lounge e beber algo enquanto esperava mesa, pois a ideia era jantarmos, todos os três. os dois chegaram e decidiram escolher um drink no balcão. deu preguiça e eu acabaria meu gin no próprio lounge. é, eu ainda tinha saúde / vontade / pique para beber gin. e me divertia assim. pois bem. chega um pequeno grupo com duas mulheres realmente lindas e um ser saltitante e feliz. sentam-se os três à minha frente. pedem os drinks. chegam as bebidas. meus amigos acabavam uma conversa sobre uma baianidade qualquer. ok, posso beber um pouquinho mais. estou no clima. estou bem. acabo o segundo gin e sinto que estou realmente bem..
a ruiva-meio-loira-linda tá na minha frente. seu segundo drink acaba de chegar. pergunto, na lata:
- o que é isso?
- caipirinha de X [não me lembro mesmo!]
- posso provar? – minha cara de pau deve ser patológica.
- claro – linda e simpática, aquilo era tão pouco Brasília..
dois goles e adorei. acho que adorei mesmo foi sua atitude. e começamos, os quatro, a trocar impressões sobre a noite, a vida, a PUC-RJ, o coqueirão e londres.
- o que vc faz? – eu estava realmente curioso com a menina.
- sou atriz. ela tinha olhos esquisitamente verdes/azuis, lindos. eu estava intrigado. mas meu lado escroto é bem mais forte que eu..
- ah, aqui no RJ todas as mulheres dizem que são atrizes. sério, o que vc faz para viver?
- ao perceber minha lerdeza e ingenuidade [eu verdadeiramente não a conhecia], ela riu e sinto que começou a curtir a situação.. os dois amigos distancaram-se um pouco e ficamos praticamente a sós no lounge. perguntei sobre algum trabalho dela, para que eu pudesse me situar.
- estou na novela das oito.
- de que canal?
- globo.
- me desculpe, não assisto um capítulo de novella há uns 15 anos.
- você gosta de cinema? – ah, agora era minha praia, pensei, animado!
- sim, adoro. você faz cinema?
- sim, estou num filme sobre o presidente.
- qual?
- o atual, Lula.
- ok, mas ainda não vi.
- a pré-estreia é só daqui a um mês..
- mas aí fica difícil!
- concordo.. ela riu. [agora tinha certeza de que ela estava curtindo a situação..]
- bom, você não assiste novela, que é o que tenho feito.
- putz, você deve ser famosa [eu já havia sacado isso..]
- não sei. acho que famosa, ainda não. sou conhecida.
- mas eu não te conheço.
- mas você não é um cara muito antenado – o sorriso foi rasgado.
- assistir novelas é ser antenado?
- haha, não. assistir TV é acompanhar os acontecimentos. assistir novela é relaxar deles.. – filosofou a jovem [adorei]. e você o que faz?
- sou oficial de projetos num escritório da ONU aqui no RJ.
- legal! você não é daqui?
- não.
- está gostando do RJ?
- pra caralho!
- peraí - metralha a jovem. vamos tentar outra coisa. vc conhece cultura pop dos anos 80?
- ah, agora vc tá falando a minha língua, babe!! simplesmente, tudo.
- lembra do xou da xuxa?
- putz.. sim, por que?
- eu era paquita.
- ah, vai se foder! [juro que falei com muito carinho]
- é sério..
- ah que merda, cara.. boa sorte aí na carreira de modelo e atriz – falei com absurdo sarcasmo.
ela riu, agradeceu e foi jantar com os amigos. quando vou me juntar aos meus colegas, noto minha amiga baiana morrendo de rir, e me pergunta em baianês fluente:
- oxe, o que você e juliana barone tanto conversavam?!
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para gabi, que me inspirou a escrever esse post.
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Um comentário:
Viva o Rio de Janeiro e suas crônicas de uma TV desligada!
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