domingo, 30 de dezembro de 2007

good-bye, yellow brick road

sem meias palavras, o ano que acaba não foi bom. não progredi profissionalmente [estou sendo muito sutil], nada no sentimental, sem planos novos ou velhos, sem realizações, sem grandes metas, sobrou apenas o feijão com arroz: saúde, um teto, um trabalho. feliz é um termo um tanto estranho, mas me forço a estar satisfeito por essas coisas. repito: o ano não foi fácil. e não poderia acabar de outra forma: o filho de uma grande amiga partiu, aos onze anos de idade, após dez de luta contra o câncer. trata-se de uma grande amiga e companheira dos exageros da época de universidade e apesar de certa distância imposta pela rotina atual, compartilhávamos muitas crises e impressões.

há dez anos, a amiga de diana e eu éramos muito próximos. dividíamos festas, experiências, às vezes algumas meninas, e, como não poderia deixar de ser naquela época, boas e eventuais trepadas. tínhamos uma rotina deliciosa de farras e botecos até que de repente ela some do mapa. não parece mais em festinhas, em happy-hours, não atende o telefone. all of a suden! perdemos, repentinamente, o contato. uns dois meses depois, uma ligação e a bomba:
- andré, lembra do último ‘choppe y danza’ [festinha de iniciação dos calouros de rel]? então, fudeu.. fiquei grávida.
- vc quer dizer, você fudeu e ficou grávida [devolvi, certo de se tratar de uma das piadinhas clássicas da época].
- é, mas dessa vez é sério: trepei sem camisinha e aconteceu.
foi isso. encurtando a história, a mudança radical em sua vida foi quebrada por uma festinha inesquecível: o primeiro ano de seu filho, na qual nos divertimos horrores, bebemos, fumamos, curtimos. logo depois, o menino foi diagnosticado com um melanoma nas costas. os dez anos que seguiram permearam uma das lutas mais ingratas de que tive conhecimento e, certamente, a mais injusta que acompanhei. entre quimioterapias em são paulo, a desestruturação completa de uma família, perdi maior contato com a amiga de diana. não havia mais clima para arroubos de putaria, festas malucas ou excessos. para ela, a percepção de que havíamos crescido veio da maneira mais cruel possível: a doença grave de um filho. dez anos depois, recebi a ligação de uma amiga comum.. o menino havia falecido, padecendo nas últimas semanas, na uti no hospital brasília.

perdi meus dois avôs, mas nenhuma dessas perdas me afetou e chocou tanto, como a do filho de minha amiga. não pode, não é justo, não é certo. ele tinha apenas onze anos. tento tirar uma lição dessa perda, mas nesse momento o que fica é a sensação de que esse ano demorou a acabar. muito. ao filho de minha amiga, que descanse em paz, em algum lugar, certamente, menos denso que esse mundo. à minha amiga, o que desejar? igualmente, muita paz. que a perda seja um dia superada. à sua mãe, avó do menino, que tanto empenhou-se em seu tratamento, acompanhou toda a luta e o sofrimento, bem como as vitórias, desejo do fundo do coração muita força e a sensação de um dever muito bem cumprido. e o mais importante: a obrigação de encontrar fellicidade nessa vida, que tanto parece injusta. a 2007, desculpem-me, mas um grande foda-se. não me lembro com saudade desse ano. espero que ele não sinta minha falta.

6 comentários:

Anônimo disse...

Bom, para aqueles que como você não tiveram um ano passado proveitoso e satisfatório, desejo um RESETANTE 2008 onde planos sejam concretizados e que independentemente deles tenhamos saúde suficiente para tocá-los adiante.

E à grande e querida Mel, que ela saiba sei lá de onde tirar forças para aguentar essa barra foda que é a perda da coisa que mais se gosta na vida, que é um filho.

Que a fé utilizada para suportar essa barra seja sempre reabastecida através de forças positivas como a que eu emano agora no momento para ela.

Aos demais, um bom ano!

Anônimo disse...

O anônimo aí em cima sou eu, catzo!

Anônimo disse...

Boa, Anonimo. Faco minhas as suas palavras. E viva o Vascao!
De um tricolor da boa terra que, por nao ter mais campo onde jogar, tem que se identificar mesmo eh como ANONIMO para nao passar vergonha.

ag disse...

porra, se vcs não assinarem, eu, que já sou lerdo, vou ficar perdido entre as mensagens!!

Anônimo disse...

como já conversamos..quem sofre é quem fica.
ele com certeza está melhor, livre de todo o sofrimento de uma vida, curta, mas vida.
à mel..não sei nem o que falar..pq ainda não inventaram palavras suficientes para descrever a perda de um filho.
desejo força para que ela supere a dor, e a dor se transforme em lembranças boas.
à você, caro andré, pare de se lastimar e corra atrás do que você quer para 2008. também te amo.

popfabi disse...

sim, 2007 foi dificil de com forca (e desculpe a falta de acentos...) - sou uma figura de feh, porem.
para mim, 2008 tem que ser obrigatoriamente melhor! logo, tin-tin!