- ei, você é a cara daquele ator da novela das seis – a frase veio da sexta ou sétima morena enfileirada naqela parede inesquecível, especialmente para alguém fiel à crusada para ‘salvar a vida de um amigo’, como era meu caso.
- hã? falou comigo? - a essa altura, me divertia horrores e a viagem já valera a pena. mas havia o pânico da simpatia revelar-se, no fundo, estratégia da jovem para melhor oferecer o produto da casa: mulheres. mas eu não poderia continuar gastando r$ 8,90 em cada cerpinha!!! eu simplesmente não tinha mais fundos. mas acho que vale a pena retroceder um pouco no tempo para contxtualizar o[a] leitor[a].
brasília, dia frio do inverno de 1994. cantina do araújo, fa, unb.
zé, mike e eu discutíamos a respeito da situação periclitante de mike: o cara precisava trepar. o tempo em que não sentia o inesquecível aroma de uma vagina contava para mike não em dias, ou meses, mas já em anos. como nenhum de nós era suscetível a moralismos imbecis, o grupo encontrou uma solução pragmática: mike contrataria os serviços de uma profissional do sexo. zé era de ribeirão preto, cidade tão provinciana quanto divertida do nordeste de são paulo. como na época éramos todos estudantes, sem grana ou carro, aproveitamos alguns feriados na terra natal de zé. e aí nos lembramos de que havia sido divulgada, ainda nos anos 80, uma pesquisa sobre os melhores prostíbulos do brasil. e onde estava o melhor? exatamente em ribeirão preto: a ‘chácara da albertina’. concordamos logo que a única razão para não se pegar uma puta era a falta de grana. e na época ela era realmente escassa.. e mike topou. marcamos a viagem para o feriado de 12 de outubro. durante o tempo que passou rápido de julho a outubro, preparamos cirurgicamente a viagem, em especial a parte financeira. mike orçou cada centavo que gastaria, pois nada poderia atrapalhar aquele plano.
estávamos bem acostumados ao roteiro brasilia - ponte alta - catalão - uberlândia - uberaba – ribeirão preto. mas dessa vez, a viagem passou mais rápido e bem mais divertida. chegamos a ribeirão por volta de sete da matina e rumamos direto à casa de zé, onde, como de praxe, fomos muitíssimos bem recebidos. tradução: muita comida para os cinco dias que passsaríamos lá, graças à irmã ‘boleira’ e Zé, e dois freezers cheios de cerveja – sim, na casa dos pais de zé havia dois freezers, o que eu achava impressionante.. graças a seu pai.
após um primeiro dia de reconhecimento de terreno e menos 3/4 de cerveja em um dos freezers, chegava a hora de implementar ‘o plano’. no dia anterior descobrimos que o puteiro ficava no bairro em que moravam os pais de zé: tudo conspirava a favor. nas referências que conseguimos ao planejar a viajem, a chácara da albertina ficava na saída da cidade: década de 1980.. obviamente, mantivemos o real propósito da viagem em segredo. descobrimos também que se entrássemos na chácara antes das 15h [isso mesmo, três da tarde] não pagaríamos entrada, o que na época representaria um colossal gasto extra. pronto. duas e pouco da tarde, rumamos à famosa chácara no estilo ‘o incrível exército de brancaleone’: mal vestidos, bêbados, e rindo à toa. conseguimos entrar antes das três horas - êba.
o local era suntuoso. apesar de meio decadente, tinha algo de copacabana palace em área ribeirão-pretana. era possível sentir que gozara de grande prestígio entre os abastados plantadores de cana-de-açúcar em décadas passadas. na entrada havia um enorme salão, colunas romanas de gosto bem duvidoso e uma igualmente enorme piscina na lateral – puta, que nojo, já emendou zé. como eu era muito trash à época, já pensei loucuras naquela piscina. mas bastou uma rápida olhadela no cardápio para constatar que não podíamos nos animar.. eu e zé tínhamos grana apenas para duas, no máximo três cervejas enquanto a vida de mike era resgatada. e o resgate teria tempo limitado: duas horas. não importa o que acontecesse, mike deveria ser salvo nessas duas horas. a primeira medida indoors era escolher o salvador, digo, a salvadora.
dez meninas enfileiradas de forma organizada, como novilhos para o abate, assistiam novela. a vantagem de se entrar cedo em um puteiro é pegar o elenco no começo de expediente e ter opções, digamos, mais higiênicas. mike, que sofre de timidez aguda, já tremia antes mesmo de escolher. porra, o cara decide trepar com uma puta, vai ao local, mas trava na hora de escolher! foda. zé, que apresentava um nível particular de escrotidão, se divertia com tudo, enquanto eu também tremia, mas por outro motivo: não conseguia esquecer de que uma cerpinha custava r$ 8,90 !!! eu já contava mentalmente toda a grana que tinha para passar as duas horas – não comeria ninguém e ainda sairia de lá fodido, sem grana. mas continuava impressionado com o local. minha concepção ‘inocente’ de puteiro era a imundície dos recintos do setor de diversões sul em brasília. o conic. pois bem, a moça já trouxe, de cara, um balde cheio de cervejas. eu metralhei: - mike, escolhe logo a porra da puta, pois não tenho grana e vou ter de passar duas horas aqui!! o cara agora estava muito tenso. não conseguia sequer falar. zé divertia-se somente olhando aquela fila de putas que, por sua vez, divertiam-se mais do que todos nós juntos. a novela rolando, eu pressionando mike, zé rindo como criança.. de repente, mike, do meu lado, aponta com o queixo.
– qual, mike?
– aquela, ele balucia.
– hã? qual?
– aquela, com o vestido branco.
achei boa escolha, apesar de não haver diferença qualitativa gritante entre as moças. tudo bem, devido ao seu nível extremo de tensão eu queria mais que ele escolhesse logo, subisse à porra do quarto, e finalizasse o trabalho. ele estava num nível extremo de tensão. eu mesmo tive de chamar a escolhida, que ‘pegou’ mike e levou para cima. achei que o cara broxaria, o que seria foda: gastaríamos tubos de grana, enrolaríamos duas horas bebendo duas ou três long necks e.. para fechar a tarde com uma brochada. mike não apenas não desopilaria, como voltaria a brasília mais tenso, mais nervoso e mais pobre.. tudo bem, valeria pela aventura.
enquanto esperávamos por mike, eu e zé começamos algo que parecia inevitável para dois jovens de 20 anos, dada a situação: estabelecemos contato com o restante do ‘elenco’. uma hora depois estávamos em meio ao grupo, como mascotes, rindo pra cacete. uma delas vira e me diz que pareço ‘moço da novela das seis’. referências novelelísticas para mim já soavam hebráico desde aquela época. detesto novelas há muito tempo. mais ainda, detesto o que elas representam – o país condena quem fuma maconha, mas aplaude a diversão diária ‘pós-jornal nacional’.
- quem? – perguntei.
- aquele. claro que ela me deu uma referência que explicava menos ainda. mas esse primeiro contato foi importante: começamos a quebrar o gelo e me diverti bastante. mas o tempo ia passando e nada. meia hora, uma hora, duas horas e nada. exatamente duas horas e treze minutos depois, mike aponta… o sorriso em sua cara só não era maior do que o rombo em sua conta bancária. parecia que tinham injetado botox no rapaz. sua felicidade revelava: job done. mission accomplished.
gastamos praticamente todo o terceiro dia consertando e montando um barco do playmobil, achado nas coisas de criança de zé, enquanto esvaziávamos o segundo freezer de cerveja e conversávamos à beira da piscina sobre banalidades. ainda saímos nas noites restantes, mas a sensação de dever cumprido era tão gostosa que nada nos preocupava mais. com a ajuda de michelle, morena bem curvilínea da chácara da albertina, havíamos realizado um bem sucedido resgate.
12 comentários:
porra, andré!
hoje de manhã usei um creme (isso mesmo, um creme hidratante) que comprei em Ribeirão Preto, nossa, o caminho de casa para o trabalho foi só de lembranças de lá!
ótimas lembranças!!!!
ai chego aqui....adivinha!
Ribeirão Preto!!!
é um sinal!?!?!
HABEMUS PUTAS!!!!
Puteiro chique é outra coisa!
Foda era a "Base da Madá" em São Luís, que bem poderia ter promoções como "rameira sem unha encravada, bicho de pé, dentadura fixada com Corega Tabs, perna peluda e cheiro de bacalhau o cliente paga apenas MEIA".
Mas bom era ir com os pais dos amigos quando era moleque...e as "donas" vinham fazendo gracejo, sentando no colo e soltando as indeféctíveis frases "me paga uma cerveja? me paga um CAMPARI? me paga um CARLTON?".
Punk.
Em Carolina(MA)o puteiro ficava localizado numa rua que dava acesso ao rio. Inevitavelmente eu tinha que passar por lá toda vez que ia à praia. No início não entendia muito bem o que aquelas mulheres faziam alí, sentadas nas calçadas, bebendo e fumando. Usavam umas roupas extravagantes e cá pra nós, eram umas barangas!
Quanto aos R$ 8,90 que você pagou na cerpinha foi realmente um assalto. E olha que a cerpinha é uma delícia!
dinalva, éramos jovens, irresponsáveis, inconsequentes e sem o menor pudor. mas o que traumatizou mesmo foi a porra da cerpinha a quase 10 reais..
uau. universo masculino messss.
agora, cerpa a 8,90 realmente é notícia pro Procon!
A cerpinha tava boa?
não sei, caro 'wampaone'. mas devia estar menos gostosa que a puta..
seu blog foi indicado pela loren, meu caro... muito bom!
ai q pobreza! o q vão fazer num puteiro sem dinheiro suficiente pra se divertir, e ter q ficar enrolando 2 horas pra beber uma cerveja! lá nao existe esses tipos de barangas q vcs estão acostumados...só mulher bonita, siliconada.. já fui e gostei mto, pra quem pode é logico.
Cara achei sem querer este blog, hoje trampo em Brasilia, sou de Ribeirão e fui muito na Albertina na decada de 90, como era bom, realmente só tinha modelos por lá, tudo era caro mas as Putas eram de primeira, me casei, levei chifre e hoje estou aqui em Brasilia no Banco do Brasil ganhando bem e sozinho louco pra dar uma, mas não com puta, uma bem dada com uma linda mulher...
...tendo em vista que "candango"_ sobretudo da época em que o senhor relata os fatos_ não existe, mas tão-somente "nordestinos" que habitaram a nova capital do país como cangaceiros ou burros de cargas, é rasoável que o senhor diga que Ribeirão Preto seja uma província, sendo esta maior do que a própria capital idealizada por JK. Os senhores são a escória do Brasil; a razão pela qual o Sul e o Suldeste almeja a separação (a região dos senhores será limítrofe com o Brasil do Sul, sendo então o Brasil do Norte).
Ademais, para eu vir até este lixo cibernético, só pode haver uma razão: espiritual, diga-se de passagem, através de um chamado dos Orixás. Em outras palavras, quero lhe reportar que vossa filha (ou neta) será estuprada e violentamente morta por um cangaceiro, havendo um tempo certo paa isto.
O fato é que o local que o senhor citou neste texto tão equivocado comporta mulheres que, na infância, foram vendidas e raptadas para tais práticas; outras estupradas antes de saírem pelas estradas, com apenas 9 anos de idade. Tudo isto por conta de cangaceiros que se julgam "chiques"_ cada um na sua concepção, é claro... pois veja o senhor, pessoa de péssima procedência (prole de nordestino), evidentemente.
Assista "Anjos do Sol", um filme brasileiro que, segundo os guias orixás, é o que acontecerá com uma garota de dentro de vossa própria casa_ presumo que vossa filha ou neta, ora dita. Se bem que neste caso não haverá prostituição por precisão, porém "violência" ensejada por um homem que por ela se encantará e a molestará até a morte, diga-se de passagem, sangrenta. Destarte, os eventuais fatos marcarão uma época no seu país (como o caso "Isabela" aí no Brasil, mais precisamente em São Paulo) e, daqui à 20 anos, se tornaá roteiro de um filme. A estrela? Vossa ente querida! E então, te lembrarás da casa da Albertina, dentre as demais casas diabólicas de Brasília, onde o senhor vendeu vosso sangue (mesmo sem saber que o fizera em face da futura violência que ocorrerá em vosso lar, num futuro não muito distante). Ao visualizar a estampa de sua ente querida morta, lembre-se também da "fileira das putas" (a famosa fila indiana, mal expressada pelo senhor) como a própria fileira dos "anjos do sol" (capa do DVD, inclusive). Lembre-se da puta que outrora lhe colocaste no mundo para passar por tudo isto, diante do filho de uma outra puta que, tão-logo, violentará e matará cruelmente vossa ente querida. As putas paridoras levam a verdadeira culpabilidade de tudo isto, porém os filhos destas são os responsáveis mantedores dos "Anjos do sol" que, de uma forma ou de outra, serão as putas da Albertina. Mas é lamentável que tua ente querida não terá a mesma sorte.
*Sou receptor umbandista, por ora, solicitado por alguns espíritas Alan Kardek aqui nos EUA, os quais receberam tal mensagem a fim de lhe enviar. Por alguma razão ou carma, fui incumbido de tal tarefa. Jamais lhe esqueça disto até o cumprimento*.
Thanks :)
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