toda vez que leio algo sobre maria rita, lembro-me de elis regina, maior cantora do Brasil, quiçá, uma das melhores do mundo. aprendi a escutar elis por influência de meu pai, que tentou de tudo para que eu fosse fã de MPB: não funcionou. à exceção de elis, sobrou pouca afinidade com a música brasileira cantada devagar, baixinho. mas também não me empurrem para o atual universo lesbos das cantoras, ou as revelações regionais. não, isso não faz minha cabeça. mas com elis era diferente: não sou fã de MPB, mas aquela maluca que gesticulava sem parar nos palcos, tinha uma voz unicamente aveludada. eu nunca havia escutado nada parecido. e com meu pai fui aprendendo aos poucos seu repertório. de pérolas com tinta regional, como romaria, a clåssicos incontestáveis como trem azul, ela é fascinante.
eis que descobri, há exatos dez anos, uma cantora americana que, apesar de estilo totalmente distinto, me lembra muito elis regina: natalie merchant. remanescente da ótima banda ‘ten thousand maniacs’, merchant atinge o tom mais aproximado do veludo, produzido pelo mundo pop. espécie de elis com ascendência irlandesa [óbvio], natalie encanta pelo tom menos potente, porém, igualmente sensível, de sua voz. quer seja com medalhões regravados, aos quais confere inequívoco tom personalizado, como space odity, ou obras-primas fantasiadas de desesperança, como beloved wife, ou the gulf of araby, ela chama atenção, sem querer chamar atenção.
ativista política e social, democrata de carteirinha e criativa, merchant é o tipo que faz um homem pensar: quero uma mulher assim, sem apêndices, sem correções, sem ajustes. porra, não consigo imginar ana carolina gravando um disco em homenagem a allen ginsberg. natalie gravou. tá, e daí? sei lá, eu gostaria de poder escutá-la ao vivo de tempos em tempos. melhor, queria contratá-la para pocket shows particulares mensais. viagens à parte, perdi a oportunidade de vê-la em seu primeiro registro solo ao vivo – live in concert in new yok city, por 4 meses. pena. ana carolina toca no faustão, natalie merchant, não. pena?
ela tem poucos discos, e o melhor deles, para mim, é ophelia, aquele em homenagem à ginsberg. um disco belo, dotado de lirismo raro, letras introspectivas que retratam o universo fluido e etéreo do poeta da lisergia.
por tudo isso, ergamos o pint para um merecido brinde à sra. merchant.
Um comentário:
Cara, vc sabe o q penso disso. Rola uma colonizaçãozinha básica na sua cabeça...
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