terça-feira, 25 de dezembro de 2012

a crueldade do "não a ponto de"..

esse post homenageia MACOC, querida companheira [apesar da percepção térmica tão díspar] de cubículo unesciano no RJ, por quase dois anos. a vida não é precisa como a navegação, e entre um espeço de [des?]construção e outro, há as tais entrelinhas, onde o espetáculo principal por vezes descortina-se. uma das mais interessantes contribuições exógenas à compreensão de um sem número de coisas, pessoas e comportamentos é a implacável teoria do “não a ponto de”. o mecanismo explicaria porquê preferimos tal marca de milho doce, em detrimento da outra, não tão gostosa. explica porquê eu acho Morrissey um excepcional letrista, mas cultuo velvet underground, banda lado B, mais confusa, instável e ruidosa. seu mais simples e cruel exemplo, é a explicação de porquê ficamos com fulana, mas não namoramos com beltrana. por que uma e não outra. pistache ou amêndoa? molho branco ou pomodoro? amendoim ou batatinha para acompanhar a original gelada no amigão? a resposta pode ser muito simples.. morei cerca de dois anos no rio de janeiro. cronologicamente, pouco tempo, mas o suficiente para quebrar a tendência umbilical e irritante de nos apegarmos ao lugar em que nascemos. lá vivi memoráveis experiências, aprendi um caminhão de coisas e é pra lá que pretendo voltar. uma de minhas maiores referências fraternas, mosqueteiro real, certa vez me perguntou por que eu estava mais apegado ao RJ do que à brasília, cidade em que nasci, resido hoje e onde está a maior parte de minha família. gastamos muitos cafés no Ernesto e heineckens por brasília, elocubrando o por quê dessa minha relação com a cidade maravilhosa. eu tentava explicar, ele não entendia. ele argumentava, e não me servia. até que consegui simplificar a explicação por meio de uma lembrança das conversas surreais que mantinha com minha amiga macoc. eu gosto muito de brasília, mas não a ponto de escolher a cidade, por livre e expontânea vontade, para morar. ao menos hoje, prefiro o rio de janeiro a brasília, simples assim. quando penso na teoria eficiente do “não a ponto de”, lembro logo de uma história romântica que vivi na cidade do cristo. apesar de minha opção – e falta autêntica de vontade - por não vivenciar o lado putaria de ser “solteiro no rio de janeiro”, como estava vivo enquanto morei lá, vivi uma ou duas aventurinhas curtas. uma delas teve todos os ingredientes que uma pessoa mais ou menos sã, no alto de seus “trinta e tantos”, espera para viver uma paixão. ela era linda, inteligente, bem sucedida. e sabia cozinhar comida creole de forma divina! por um breve tempo, ocupou um lugar interessante na minha rotina solitária. mas.. por que apenas por um breve tempo? ora, porque sim. por que era tudo muito bom, mas não a ponto de eu namorar com ela? ora, porque sim. vale dizer que o namoro – ou compromissos oficialmente assumidos não fazem parte do meu repertório de merdas mal-resolvidas. simplesmente não tenho problemas com esse tema. acho que a explicação para toda e qualquer escolha que fazemos pode se resumida num simples cálculo, consciente ou inconsciente, de custo benefício. vale a pena matar aula para sair, tomar todas e sacrificar o dia seguinte? no segundo grau, sequer tinha instrumental para fazer a conta. na faculdade, valia sempre 'a pena. na idade adulta, cheia de obrigações “profissionais”, certamente, não. valia a pena ficar com aquela menina? se achasse que sim, ia lá e tentava. e, às vezes, ficava mesmo. vale a pena alucinar na entrevista de emprego e arriscar o resto das fichas na cara de pau? no meu caso, quase sempre funcionou. vale a pena sair da dieta e comer pra caralho na ceia de natal? via de regra, claro! se a pessoa consegue seguir um plano bem montado, se ela tem disciplina, malha, corre, luta ou o caralho, com regularidade, simplesmente vale a pena encher o rabo de rabanada [desculpem o trocadilho]. fato é que não existe regra e cada caso é um caso isolado, diferente. isso tudo pra dizer que se vale a pena, vale a pena, simples assim. é foda sometimes, mas quando se gosta a ponto de, a coisa vale a pena, é assumida e aí, acaba acontecendo. sensacional the sound of arrows. embalou essa viagem blogueira de natal em 2012.

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