domingo, 13 de setembro de 2009

divisa

é difícil precisar em que momento termina a sanidade e começa o equilíbrio, uma vez que podemos viver em um lado e passear, eventualmente, pelo outro. nas relações amorosas acontece algo semelhante: é difícil definir o que é são, doentio, equilibrado, fantasiado e/ou correspondido: tais divisas são muito tênues. o filme two lovers ilustra a crise dessas fronteiras. de quebra, me desperta uma indagação: por que mesmo joaquim phoenix não tem uma estante cheia de oscars?!

phoenix faz papel de um depressivo quarentão que volta para a casa dos pais para se recuperar de uma frustrada tentativa de suicídio após ser deixado pela esposa. história meio batida, mas cuja originalidade e o mérito são salvos por uma atuação impecável do ator, que atinge a maturidade dramática, em total controle sobre o personagem.

embalado por árias primorosas, o filme retrata um inebriante triângulo dramático entre phoenix, uma como-sempre-apenas-lindinha gwyneth paltrow e a excelente e contida vinessa shaw. as duas entram ao mesmo tempo na vida de phoenix, em viagem análoga à do expectador, que entra aos poucos no universo lírico do diretor james gray, condutor hábil de uma história sensível, tensa e bem amarrada.

no desenrolar da trama, fica evidente a dicotomia que se aproxima de leonard: shaw ou paltrow. realidade como ela é, ou fantasia frágil. e tal como um bridges of madison county, em que meril streep entrega-se à abnegação em momento soberbo de interpretação, o depressivo leonard sucumbe à percepção de que o fio de prata que o conecta á realidade é deveras tênue. a metáfora desse fio é sua ligação com shawn [sandra cohen].

num mundo de escolhas sofridas, em que sempre se perde algo de muito valor, leonard rende-se à opção pela vida, ainda que abafe todo o resto.. inclusive sua insanidade. de quebra, temos o prazer de rever isabella rosselini, quase sessentona e maravilhosa como sempre.

3 comentários:

popfabi disse...

aff, ia passar batido pelo filme. ainda bem que te li. vou correndo ver a fita! beijos

Anônimo disse...

Limite entre sanidade e equilibrio? Nao entendi... :-(

ag disse...

tens razão mili! purz falta de atenção - e confusão mental, claro..